A jornalista denunciou no sábado 29, que "por razões burocráticas nada razoáveis" — por parte das autoridades neozelandesas que rejeitaram o seu pedido formal de regresso — teve de recorrer ao governo talibã a pedir "asilo". E estes aceitaram, mesmo se a situação de "grávida e solteira" de Charlotte Bellis choca com as leis do Afeganistão, país islâmico de novo regido pelos talibãs fundamentalistas.
Charlotte Bellis, que aparece há meses nos noticiários do canal Al-Jazeera a partir de Cabul, relatou ao diário Morning Newz.nz que o MIQ-Ministério da Resposta à Covid-19 tutelado pelo MBIE-Ministério dos Negócios, Inovação e Emprego barrou o seu regresso à Nova Zelândia, ao rejeitar o pedido em que ela justifica necessitar de cuidados médicos por razões ligadas à sua gravidez.
O ministro Chris Hipkins mantém a recusa, "porque o MIQ criado para defender o país" tem de impor "medidas claras". Propõe em alternativa que Charlotte requeira ao MIQ o "acesso para pessoas em circunstâncias especiais", devidas à sua localização ou situação", que podem "pôr em risco a sua segurança" e cuja única opção é o regresso à Nova Zelândia".
Mas a jornalista entende que a sua situação — em que tem a garantia de segurança dada pelo governo afegão — não pode ser enquadrada nos termos do MIQ, como explicou em carta ao ministério tutelado por Hipkins.
"A razão para o meu regresso continua a ser a necessidade de cuidados médicos, que não existem ou não estão disponíveis na nossa presente localização. O ministério tem toda a informação, acerca da nossa situação".
Charlotte Bellis está há meses no Afeganistão a cobrir a situação das mulheres perseguidas pelos talibãs no governo desde 15 de agosto. Mas agora a "grávida e solteira" diz que a situação em que se encontra é "irónica" e deu-lhe outra perspetiva sobre o seu próprio país.
Ela só está a recusar mentir ao governo
Em Auckland, o advogado da jornalista dá entrevistas, explica que Charlotte "apenas está a recusar mentir ao governo".
"A mera sugestão de que está em perigo depois de obter garantias dos talibãs não se aplica. Para ela, a simples tentativa de obter acesso desse modo seria uma falsa informação", explicou o advogado Tudor Clee.
Fontes: Herald News.nz/New Zealand News/Big News Network /www.rnz.co.nz/. Foto: A jornalista " kiwi" — segundo a autodesignação dos neozelandeses (em referência ao fruto típico) — entrou em choque com as autoridades do seu país e suprema "ironia" segundo ela, são os governantes talibãs (que ela tem vindo a denunciar devido à discriminação que fazem contra as mulheres) que lhe oferecem asilo.