Por entre críticas sobre a gestão da pandemia, os governantes rotativos do Estado de Israel numa solução inédita, acordaram na noite de domingo, 4, adiar a aprovação do orçamento de Estado. E justificaram que essa prorrogação se faz em nome do combate à Covid-19.
Este novo acordo entre Benjamin ’Bibi’ Netanyahu, de 70 anos, e Benny Gantz, de 60 anos, segue-se ao acordo de governação tido como o mais difícil de obter em toda a história do país. Assinado em 20 de abril, permitiu formar governo, ao fim de um ano de paralisia e sete semanas depois das Legislativas do dia 2 de março, as terceiras em onze meses todas inconclusivas.
O duro labor negocial
O acordo de rivais Likud-Partido Azul e Branco, em nome do combate à pandemia, levou a um governo sui generis, de estrutura pesada: duas residências oficiais, dois primeiros-ministros revezando-se no cargo de vice-primeiro-ministro, além de mais ministérios para que cada partido tenha o mesmo número de pastas que o rival.
A coabitação de quase seis meses entre o primeiro-ministro e o vice-primeiro-ministro tem evitado o confronto, mas o desempenho na frente pandémica tem sido muito dificultado pelos ultraortodoxos, aliados tradicionais de Netanyahu.
Frequentes são os confrontos desses religiosos com a polícia. A mais recente foi no domingo, 4, primeiro dia laboral no Estado de Israel, quando uma manifestação ilegal contra as medidas anti-Covid redundou em ataques à polícia, segundo o Jerusalem Post.
Netanyahu a braços com a justiça
O ’Movimento para um Governo de Qualidade em Israel" fez a 4 de março — ante a perspetiva de Netanyahu voltar ao poder — uma petição ao Supremo pela desqualificação do primeiro-ministro responsável "por continuados ataques diretos contra as instituições da democracia de Israel" e "um processo metódico e premeditado de deslegitimização do poder jurídico aos diversos níveis— desde a Procuradoria-Geral, o Procurador-Geral, o Knesset (parlamento), os tribunais, os juízes".
Fontes: Jerusalem Post/Times of Israel/ Haaretz/Washington Post/DW.de. Relacionado: Netanyahu e Gantz assinam termos de governação rotativa — Acordo de rivais para combater pandemia, 22abr.2020; Israel: Gantz falha em formar governo, 3ªs eleições em menos de 1 ano — PGR indicia Netanyahu por corrupção, 22.nov.019. Fotos: Sucessivas tentativas do presidente Rivlin para levar Netanyahu e Gantz a formar um governo de coligação não resultaram. O procurador-geral, Avichai Mendelblit, que tem sido a sombra ameaçadora sobre Netanyahu, a esposa e um dos filhos, nos últimos dois anos, manteve a acusação de corrupção e outros crimes afins contra Netanyahu. Mas a audiência marcada para 17-4 foi adiada sine die.