O primeiro-ministro Nefatlí Bennett aproveitou o dia-santificado, o Sabbat de Israel, para uma visita a Moscovo (fotos, ao alto). A webesfera espanta-se, mas segundo a imprensa israelita na manhã seguinte a visita teve a bênção dos Estados Unidos e da União Euopeia. Afinal de contas, Israel mantém uma cooperação calma com a Rússia na Síria e partilha laços culturais com a Ucrânia, que inclui o facto de Bennett e Volodymyr Zelensky serem a nível mundial os únicos judeus a liderar governos.
A mediação de Israel no conflito bélico russo-ucraniano é, pois, uma das poucas escolhas suscetíveis de serem aceites pelas partes, neste momento em que restam poucas personalidades elegíveis para o papel de mediador. Um a um, os potenciais nomes acabaram até ao fim desta semana por ser descartados: Guterres, o secretário-geral da ONU, porque condenou o bombardeamento da central nuclear ucraniana; o presidente francês Macron ou o chanceler alemão Scholz por terem alinhado nas sanções à Rússia; o presidente turco Erdogan ou o presidente chinês Xi, que o ’Ocidente’ não aceita.
Na Finlândia também no sábado, o ministro da Defesa Antti Kaikkonen confirmou, em entrevista à televisão Yle e citando a guerra em curso na Ucrânia, que está em contacto com duas empresas israelitas, a Israel Aerospace Industries e a Rafael Advanced Systems.
A Federação Russa e a Finlândia partilham uma fronteira de mais de 1.300 quilómetros no sentido norte-sul a leste do país eslavo.
Pela adesão à NATO
O presidente finlandês esteve na sexta-feira em Washington para uma reunião na Casa Branca. Com Joe Biden, falou sobre a situação que deixa nervosa a "neutra" Finlândia. O New York Times destaca que veio à liça uma frase de Obama: "Para fazer a paz, contamos com os países nórdicos". Biden repetiu-a e Sauli Niinistö concordou: "Nós nunca começámos uma guerra".
Entretanto, refere o diário novaioirquino, em nenhum momento foi abordada a possibilidade de entrada da Finlândia na NATO, o que é interpretado como uma atitude cautelosa perante a Rússia que tem vindo a ameaçar, através dos comunicados da porta-voz do Kremlin Maria Zakharova, que "a Rússia tem todos os meios para se defender se for atacada, seja por quem for".
Nos mais recentes comunicados, a porta-voz do Kremlin ameaça que a tentativa de se juntar à NATO para atacar a Rússia terá "sérias repercussões militares e políticas".
Entretanto, pela primeira vez desde há quase oitenta anos, a maioria dos 10 milhões de finlandeses estão a favor da adesão à NATO e o presidente está em conversações com o SG da NATO, Jens Stoltenberg (fotos, à d.ta da segunda secção).
A neutra Finlândia , embora membro da União Europeia, teme acontecer-lhes o mesmo que à Ucrânia —atacada desde 5ªfª, 24, por terra, ar e mar pela Rússia — e tal como os 44 milhões de ucranianos quer também entrar na Aliança Atlântica.
Falência moral na questão dos refugiados?
Perante os milhares de refugiados devolvidos à procedência na sexta-feira, 4, a imprensa israelita, como o Haaretz, apontam a "falência moral" do Estado de Israel personificada em Bennett.
"Foram deportados" os refugiados da guerra [em curso na Ucrânia] que não puderam pagar os enormes montantes exigidos por Israel para a sua entrada no país", denuncia o Haaretz na sua edição de hoje (domingo 6).
Fontes: Haaretz/Times of Israel/BBC. Fotos: Reunião Bennett-Putin. Cidadãos russos fogem por estradas e ferrovias rumo à Finlândia. O presidente finlandês, Sauli Niinistö, e o SG da NATO, Jens Stoltenberg. Empresa de armamento ’Israel Aerospace Industries’, a leste de Telavive.