“É com grande pesar que recebemos a notícia da morte do ensaísta, professor e filósofo Eduardo Lourenço, ficando-nos uma sensação de vazio e perda. Uma perda sim, também para todos nós que aprendemos a pensar na língua portuguesa, e nestas últimas décadas guiados pela sua figura proeminente de intelectual atento e crítico do estado do mundo actual. A sua busca pela compreensão da cultura e do modo de ser e de estar do seu povo português é uma lição para todos aqueles que se interessam em compreender o seu semelhante, de pensar o espírito e a sociedade, o passado como forma de entender o presente e estimular para um futuro melhor”, manifestou.
Para Jorge Carlos Fonseca, todas as sociedades têm os seus mitos e todas têm também, aqueles que se dedicam a decifrá-los, a fazer-nos entendê-los, de forma a tornar-nos melhores cidadãos, homens e mulheres mais conscientes e solidários.
“O professor Eduardo Lourenço foi um grande farol da cultura portuguesa, numa linha de grandes vultos da literatura e da filosofia, aquele cuja vida parecia eterna, por conquistar também a boa vontade dos deuses ou por irritá-los, com a sua sapiência e generosidade. Com o seu desaparecimento ficamos todos mais pobres. Mas fica-nos também o grande exemplo de uma vida dedicada ao pensamento e à reflexão, perscrutantes, ousados e livres, num momento em que a rapidez das nossas sociedades pouco espaço deixa para esta prática, cada vez mais necessária", conclui JCF.