Em conferência de imprensa realizada no Mindelo, Fidel Cardoso de Pina defendeu que a juventude cabo-verdiana precisa de um novo contrato social para que possa enfrentar os vários constrangimentos existentes. “Neste contexto e perante a atual conjuntura, os mais jovens são os mais penalizados e afetados pelo desemprego, subemprego, empregos precários com baixos salários, pela falta de oportunidades económicas, pelas más condições habitacionais, pela discriminação no acesso ao emprego e a cargos públicos, pela obtenção de bolsas para a formação profissional certificada e da formação superior geral e especializada, e ainda, por cima, são condenados a serem as maiores vítimas dos efeitos da má gestão ambiental, das mudanças climáticas e das más políticas de hoje”, aponta.
Por considerar que a juventude é a maior franja da sociedade cabo-verdiana, o político apela aos jovens no sentido de terem um papel mais interventivo, no atual momento do seu percurso. “A juventude cabo-verdiana precisa assumir que é um Agente de Transformação e de Mudança. Para isso, ela deve participar ativamente na vida política do país. Deve ser crítica, opinar com responsabilidade e questionar as medidas públicas e políticas no contexto nacional. Deve ter capacidade ativa eleitoral ou seja, deve estar recenseada e deve participar nas eleições, exercendo o seu voto enquanto cidadão, para que seja valorizado politicamente no nosso País”, aconselha.
Falnhanço nas políticas públicas e novo pato social
Conforme avança a mesma organização juvenil, em Cabo Verde os dados apontam para uma camada da população jovem na ordem dos 63%, o que leva a crer que a Juventude constitui a verdadeira “força motriz” da sociedade cabo-verdiana e um capital que não pode ser desperdiçado e desvalorizado.
A pensar nisso, a JPAI defende com coragem, determinação, elevação e sentido de responsabilidade, os interesses da juventude cabo-verdiana para a construção de uma sociedade de liberdade, igualdade de oportunidades, desenvolvimento inclusivo e justiça social.
“Defendemos a premente necessidade de um Novo Contrato Social com a nossa Juventude, onde os jovens são respeitados, considerados e ouvidos. Queremos uma sociedade e um Governo que reconheça e respeite os direitos e o potencial dos jovens, assegurando-lhe espaços e oportunidades de participação nos processos decisórios em todas as matérias que dizem respeito ao seu quotidiano, ao seu futuro mais próximo e em que é-lhe permitido participar na construção das soluções para o futuro do país”, reivindica Fidel Cardoso.
Preocupado com a atual situação da pandemia vivida, um pouco por todo o mundo, o Presidente da JPAI é da opinião que Cabo Verde vive momentos extraordinários e que o impacto nos jovens é sério e precisa ser analisado atentamente. Infelizmente o sector juvenil é um dos que mais tem sido afetado devido a Covid-19.
Esta situação, segundo a JPAI, veio tornar mais complexa a realidade difícil em que já se encontravam a maioria dos jovens antes da pandemia. “Ora, é inquestionável que se regista um grande retrocesso em várias áreas de governação e as principais promessas estão por cumprir. É ainda mais evidente que o Governo do Ulisses Correia e Silva falhou redondamente na sua política de emprego e defraudou as expetativas dos cabo-verdianos, principalmente dos jovens, nos meios rurais e urbanos. Essa parte da Nação nunca sentiu a felicidade prometida, nunca sentiu os ganhos do propalado crescimento económico robusto e, pior ainda, nunca sentiu o benefício da abundância de dinheiro de Cabo Verde, conforme disse o Vice Primeiro-ministro, Olavo Correia”, mostra.
Incumprimento das promessas eleitorais e momento de incertezas
Fidel Cardoso relembra ainda que as promessas feitas aos jovens cabo-verdianos durante a camapnha eleitoral de 2016 pelo Governo de Ulisses Correia e Silva estão muito longe de serem cumpridas. Para ele, os jovens continuam a ser particularmente tocados pelo desemprego, não obstante de todo o esforço de recrutamento atarvés proplado programa de estagios profissionais levado a cabo pelo governono.
“O atual momento é de tanta incerteza que a juventude precisa ser implicada. Ou chamamos os jovens agora, que ninguém sabe bem qual é o caminho, para que participem ativamente na reflexão sobre o nosso futuro, ou nunca mais. Aliás, é na conjugação, no somatório do saber, do conhecimento e da experiência acumulada pelas gerações dos nossos pais e avós, com a ousadia, a perspicácia, a energia, a capacidade inovadora e a ambição dos mais jovens que o Mundo pula e avança, como cantou o poeta. Estamos cá para aprender com os mais velhos, mas também, para arregaçar as mangas e assumir na plenitude as nossas responsabilidades. Sem a participação de todos não chegamos lá”, conclui o Presidente da JPAI.