Para a Juventude do PAICV, estes factos têm produzido efeitos altamente preocupantes, principalmente no seio da juventude cabo-verdiana. “Com uma significativa expressão demográfica, a juventude cabo-verdiana é o grupo que regista a maior exclusão do campo de trabalho formal, os jovens são os mais afetados pelo desemprego, os mais expostos à pobreza, os que mais sofrem com a exploração laboral, sendo que milhares de jovens cabo-verdianos tem de recorrer a trabalhos informais e precários para poderem suprir as suas necessidades económicas”, aponta o Secretário Geral Adjunto da JPAI, Elmer da Graça.
Aumento generalizado de preço dos produtos e passividade do governo
O jovem político considera que a subida generalizada dos preços, conjugado com a falta de políticas públicas assertivas do Governo do Movimento para a Democracia ( MpD) e do governo de Ulisses Correia e Silva para fazer face aos efeitos das sucessivas crises, tem colocado em causa a capacidade de sustento das famílias cabo-verdianas, contribuindo assim para o aumento do índice de pobreza no país e a diminuição da qualidade de vida dos cabo-verdianos.
“É claro que, por se encontrar inserido num contexto internacional, Cabo Verde não seria exceção, naquilo que são os impactos negativos das sucessivas crises de dimensão global. Aquilo que se estranha é que, face a todas as dificuldades enfrentadas pelos cabo-verdianos, o Primeiro Ministro e o seu Governo adotem uma posição tão passiva, no que concerne à adoção de medidas assertivas e concretas, no sentido de se reduzir ao máximo os efeitos das crises”, mostra, acrescentando que, numa conjuntura de aumento substancial do preço dos bens de primeira necessidade, todos foram surpreendidos recentemente com o fim da subsidiação do trigo anunciado pelo Governo do MpD, causando assim o aumento “exponencial” do preço do mesmo produto no mercado cabo-verdiano.
“Neste sentido e, consequentemente, assistimos a um enorme aumento do preço do pão, um alimento essencial na dieta dos cabo-verdianos, bem como o aumento do preço de vários outros derivados do trigo. Este aumento não afeta, como é obvio, apenas a capacidade das famílias mais desfavorecidas, em prover um pão para que o filho possa comer antes de ir para escola, mas também o mercado informal, de onde provem o rendimento de muitos chefes de família, assim como de todo o mercado ligado à pastelaria e à restauração”, anuncia.
Segundo o conferencista, a JPAI mostra-se preocupada ainda com o caso da ilha da Boa Vista, onde o preço do pão, segundo diz, chegou aos 30 escudos/unidade, colocando em causa o pequeno almoço de várias famílias. “Ou seja, se antes era possível, comer pão de manhã e no lanche da tarde, hoje os relatos são que para muitos o pequeno almoço deixa de ser uma realidade e o lanche da tarde já não se fazem todos os dias. A verdade é que, na ilha da Boa Vista com custos de vida mais elevados do país, onde a maioria dos jovens trabalham nos hotéis e, na maioria das vezes, auferem salários que não fazem jus ao custo de vida, a situação está de facto insustentável”, garante Elmer da Graça .
Má governação e esperança para dias melhores
A Juventude do partido de estrela negra entende ainda que a conjuntura em que se vive hoje no país, “é sem dúvida, o resultado de uma má governação do atual executivo, que em tempos de crise insiste em manter os custos exorbitantes de uma pesada máquina pública, ineficiente, que consome enormes recursos do erário público e que tem demonstrado sucessivas vezes não estar a altura para fazer face às expetativas dos cabo-verdianos”.
Elmer da Graça aponta o dedo ao Governo do MpD, acusando-o pela falta de humanismo e responsabilidade social nas ações suas. “O Governo do MpD recusa categoricamente atender os pedidos de socorro do seu povo mediante a situação difícil que o país atravessa. Um Governo que é sério e que zela pelo interesse dos cabo-verdianos nunca deixaria cair a subsidiação do trigo. Um Governo que é responsável e coloca as pessoas em primeiro lugar, retomaria, de imediato, a subsidiação do trigo, afim de evitar males maiores num país, em que o pão é fundamental na alimentação diária das famílias, e em especial das nossas crianças”, adverte.
Entretanto, face a todas as dificuldades e consequências diárias que o país enfrenta, a JPAI mostra-se esperançoso que «amanhã será melhor e de que tudo voltará à normalidade».