“Os tempos são difíceis, as incertezas são grandes. Pois é este o tempo para o Sr. Primeiro Ministro e seu Governo compreender que a Juventude cabo-verdiana é parte da solução e quer poder participar na busca de soluções e aceder às oportunidades existentes no mercado público e privado de forma equitativa e justa”, destacou Euclides Gonçalves Porta Voz do JPAI, em conferência de imprensa.
Conforme ressaltou, os jovens continuam a ser particularmente tocados pelo desemprego e esta tendência é a prova da falácia da propaganda política de que o MpD e o seu Governo tinham encontrado a fórmula mágica para o desemprego no seio da camada jovem com formação.
Complementou que o grosso da oferta de trabalho para a nossa juventude consiste nos empregos precários, sazonais, não qualificados, informais, com baixos salários e fraca proteção social.
“Um quadro laboral precário oferecido aos jovens cujas famílias investiram numa formação técnico-profissional, superior e até altamente qualificada, na expectativa de um emprego digno e justamente remunerado”, apontou.
Euclides Gonçalves fez referência que num país como o nosso, em que o desemprego jovem é elevado; num país em que o Estado permanece o principal empregador, a juventude tem sido a principal vítima da excessiva partidarização do Estado pelo partido no poder.
“ A verdade é que alguns dos jovens que ganham alguma oportunidade, são a minoria partidária, com laços familiares com dirigentes do MpD, que defendem a todo custo o Dr. Ulisses Correia e Silva e o Governo do MpD. Os outros jovens, ou seja, a maioria esmagadora, encontram cerradas as portas de acesso a funções para as quais têm perfil e competências”, salientou.
Assim, o Conselho Nacional da JPAI entende que o Governo do MpD deve pensar na nossa juventude, por forma a gerar alternativas para combater o desânimo, a frustração e o desespero que tende a instalar-se no seio dos jovens, muitos com qualificação e formação.
Para este porta voz, a situação como está não pode continuar no mesmo caminho que, a olhos vistos, está a comprometer uma geração inteira com impactos imprevisíveis no presente e no futuro da Juventude cabo-verdiana.
“Sr. Ulisses Correia e Silva: Não vale a pena pedir aos jovens para não se emigrarem sem que sejam criadas reais e verdadeiras condições e alternativas para continuarem a acreditar no futuro destas ilhas. Os jovens cabo-verdianos, e hoje uma grande maioria quadros altamente especializados, estão a abandonar Cabo Verde, porque o país vai numa direção errada e para não dizer sem rumo!”, enfatizou.
Ausência da politicas e jovens da diáspora abandonados
Segundo salientou, o Conselho Nacional lamentou a ausência de políticas públicas e a clara falta de uma estratégia real de inclusão dos jovens da diáspora no processo desenvolvimento de Cabo Verde. ,pontuando que continuar assim continuaremos a desperdiçar um grande recurso do nosso país que são jovens quadros da nossa imensa diáspora.
Também pôs à mesa que os conselheiros mostraram-se preocupados com os problemas crónicos no Ensino Superior em Cabo Verde e que precisam ser resolvidos.
“ O gravíssimo problema do pagamento de propinas tem levado ao acumular de elevadas dívidas, causando a triste situação do abandono dos estudos por parte de um sem-número de estudantes universitários. Atualmente, o acesso e a
sustentabilidade do Ensino Superior em Cabo Verde estão em risco e o governo tem estado muito aquém daquilo que são as suas responsabilidades nesta matéria”, denunciou.
Afirmou ainda que o Conselho Nacional mostrou apreensão com a elevada taxa de reincidência criminal que afeta o país, em particular no seio jovem. As estruturas penitenciarias estão completamente sobrelotadas e as políticas públicas de reinserção social do atual governo não tem trazido respostas esperadas.
“Continuamos a assistir a triste realidade de uma população reclusa no país essencialmente jovem, sendo que cerca de plenos 70% dos reclusos tem idade inferior aos 35 anos”, acrescentou.
O conferencista disse que num momento particularmente difícil, os jovens esperavam as propostas do Governo para fazer face aos graves problemas que atingem a juventude cabo-verdiana e mesmo aqueles que mantiveram os seus empregos, viram os seus rendimentos reduzidos drasticamente, devido à grave inflação que tem assolado ao país.
“Nesta matéria o Governo do Mpd tomou medidas manifestamente insuficientes e com muito pouco impacto na reposição de poder compra por parte das famílias, muitas delas jovens e desestruturadas. Neste sentido, temos muitos cabo-verdianos a viver em grandes dificuldades face à incapacidade deste Governo liderado pelo Dr. Ulisses Correia e Silva em implementar as medidas que lhe são absolutamente alheias”, advertiu o CN da JPAI.