O procurador especial Jack Smith foi hábil a evitar o "moroso e complicado" caminho que seria o das mesmas acusações imputadas a alguns membros dos grupos de extrema-direita Oath Keepers e Proud Boys na invasão ao Capitólio. Fê-lo, segundo Randall Eliason, ex-diretor do departamento de fraude da procuradoria do Distrito de Columbia, decerto por não ter provas concludentes para rebater a mais que previsível alegação da defesa de que as intervenções de Trump — no discurso pouco antes da invasão do Capitólio — se integram no direito constitucional de liberdade de expressão.
As quatro acusações de golpe de Estado permitirão assim "responsabilizar plenamente" Trump e ao mesmo tempo "evita armadilhas legais e políticas que poderiam ter atrasado ou feito descarrilar a acusação", lê-se no este sábado 5 no New York Times. Dia seguinte a esta sexta-feira em que o ex-presidente Donald Trump compareceu em tribunal para ouvir as acusações de falsificação de documentos (Nova Iorque), depois de posse de documentos classificados e de obstruir a sua recuperação pelas autoridades (Florida) e agora de conspiração e de obstrução para impedir a transferência de poder (no tribunal da capital, Washington).
O candidato favorito às primárias republicanas, destaca ainda a imprensa, esteve humilde perante a magistrada Moxila Upadhyaya na capital dos Estados Unidos, na sua terceira vez em tribunal, em quatro meses.
A sua apresentação ao tribunal como "Sr Trump" — perdendo o cerimonioso "Sr presidente Trump" —, segundo destacam alguns órgãos de imprensa, é marcante. Tanto como o facto de, como defensor de posições xenófobas, ter diante de si uma magistrada nascida na Índia.
Fontes: Washington Post/BBC/ Guardian/NY Times. "Exercerei um julgamento independente e farei avançar as investigações de forma rápida e rigorosa quaisquer que sejam as conclusões que resultem dos factos e da lei", prometeu o homem da foto, Jack Smith nomeado em novembro procurador especial de duas investigações judiciais contra o 44º presidente dos Estados Unidos. Antes, o austero juiz de barba sal-e-pimenta esteve na Haia a presidir ao caso do ex-presidente kosovar Hashim Thaci. A sua nomeação em Washington deu-se num momento sensível, três dias depois de Donald Trump anunciar a sua candidatura para 2024.