«Em período pré-eleitoral e confrontado com fracos resultados da Governação de Cabo Verde, o Sr. Primeiro-ministro, Dr. Ulisses Correia e Silva, anda desesperadamente à procura de votos ignorando, por completo, a ética e o decorro exigidos a quem Governa o País. Tudo isso ocorre no momento em que os cabo-verdianos estão apreensivos com a demora na chegada das vacinas, com Cabo Verde a ser ultrapassado por vários países do continente Africano, pondo em causa a retoma do turismo e de toda actividade económica», contesta Fidel Cardoso de Pina.
Para este jovem dirigente tambarina, a nomeação de Miguel Monteiro, para o cargo de Presidente do Conselho de Administração da Bolsa de Valores, nas vésperas das eleições legislativas, é prova cabal da veia clientelista e partidarista que verdadeiramente caracteriza o estilo do Governo do MpD. «Esta atitude do MpD e do Dr. Ulisses Correia e Silva, além de imoral e contrária às melhores práticas políticas, constitui um manifesto e ostensivo desrespeito pelos cabo-verdianos, que clamam por mais transparência e mais igualdade de oportunidades no acesso às funções públicas. Este Governo do MpD está a ultrapassar todos os limites, enveredando por decisões escandalosas que estão a ser reprovadas pela grande maioria dos cabo-verdianos», alerta.
Seguindo a mesma fonte, a nomeação do referido dirigente da cúpula do MpD trata-se de uma eventual tentativa por parte de Ulisses Correia e Silva de o compensar da saída do cargo de Secretário-geral do seu partido e das listas para Deputado da Nação. «Este é mais um comportamento político inaceitável do Sr. Primeiro-ministro e do seu Governo. Este comportamento não é sério e nem é politicamente aceitável. O exercício de cargos políticos e públicos é uma função nobre que demanda de todos, a todo tempo, rigor, transparência, ética e responsabilidade no dito exercício», fundamenta.
Cardoso de Pina questiona ainda como é possível que, a poucos dias das eleições legislativas, o Deputado Miguel Monteiro, que não era um simples deputado pois desempenhava as funções de Secretário da Mesa da Assembleia Nacional e Membro do Conselho de Administração da Assembleia Nacional, ex-Secretário-geral do MpD e proprietário da empresa que entrou em polémica com o alegado negócio duvidoso com a venda do aplicativo ‘‘Nha Bex’’ a serviços públicos, seja nomeado para gestão da BVCV, que é uma importante instituição do nosso país. «A Bolsa de Valores é um lugar que exige competência técnica, pois, qualquer percalço pode pôr em perigo as empresas e pessoas que procuram esta instituição para fazer render as suas poupanças», adverte.
O porta-voz da Comissão Politica Nacional do PAICV lembra que o MpD e o seu líder Ulisses Correia e Silva prometeram despartidarizar a administração pública cabo-verdiana, o que não está a acontecer. «Mas infelizmente o que temos visto é completamente o contrário. Sabe-se que a saga clientelista não vai parar, pois é preciso, nessa reta final acomodar os demais dirigentes e militantes do MpD que não vão integrar a lista para as próximas eleições».
Para o conferencista, a confirmar-se tal cenário será um escândalo de maior envergadura em Cabo Verde. «Pois, assistimos a uma clara estratégia de colocar os militantes e dirigentes do MpD em lugares-chave para, no caso da derrota eleitoral, manter, através de tais dirigentes, o domínio da Administração indireta e empresarial pública em larga escala», conclui Fidel Cardoso de Pina.