“Tínhamos uma previsão de 314 mil milhões de escudos [2,85 milhões de euros] em resultados líquidos. Fomos praticamente a 350 milhões de escudos [3,18 milhões de euros]. Para esses resultados concorreram essencialmente o negócio a retalho móvel e a Internet fixa, não obstante ainda alguns créditos por recuperar que, caso nós não tivéssemos que constituir provisões de imparidades para esses créditos, o nosso resultado seria o dobro praticamente”, afirmou João Domingos Correia.
O presidente do conselho de administração do grupo falava em declarações à Lusa após a assembleia-geral.
“Ultrapassando aquilo que era a nossa expectativa”, destacou, sobre o desempenho do maior grupo de telecomunicações de Cabo Verde no ano passado, que se soma ao crescimento de 36% nos lucros em 2021.
O responsável avançou que 2022 foi um ano em que o volume de negócios voltou a crescer – quase 6% -, para cerca de 5.200 milhões de escudos (47,2 milhões de euros).
“Portanto, colocando a empresa já numa situação mais confortável”, reconheceu.
Já o volume de investimentos do grupo CVTelecom em 2022 rondou os 2.000 milhões de escudos (18,1 milhões de euros), registando um “abrandamento” face a 2021.
“Ano em que houve uma grande aposta de investimento no cabo Ellalink [ligação submarina de fibra ótica entre Portugal, Cabo Verde e Brasil] e a maioria do desembolso ocorreu, portanto, em 2021”, justificou João Domingos Correia.
A assembleia-geral realizada na Praia aprovou ainda a distribuição de 50% dos lucros como dividendos aos acionistas, ficando o restante para ser aplicado em reservas legais e reservas de investimento.
“Porque também temos ainda alguns investimentos a fazer, designadamente a substituição de troços de cabos interilhas, alguns que já estão no fim da vida, e vamos ainda investir no nosso sistema de informação interna, é a parte do suporte de todo negócio e sem isso nós não teremos nem telecomunicações, nem podemos trabalhar internamente, para além de uma aposta séria na substituição da energia convencional pela energia renovável”, concluiu.
A maioria do capital social do grupo CVTelecom é detida pelo Instituto Nacional de Previdência Social (instituto público que gere as pensões cabo-verdianas), em 57,9%, contando ainda com a estatal Aeroportos e Segurança Aérea (20%), a Sonangol Cabo Verde (5%) e o Estado cabo-verdiano (3,4%) entre os acionistas, e privados nacionais (13,7%).
O Governo cabo-verdiano já admitiu anteriormente a possibilidade de privatização da CVTelecom, que nunca chegou a avançar.
A Semana com Lusa