“O ministro das Finanças não interfere no processo de financiamento. Quem dá dinheiro é o sistema bancário, ao abrigo do ecossistema de financiamento”, afirmou Olavo Correia, ao ser visado esta manhã, durante a sessão parlamentar ordinária, pelos deputados do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV).
“O que se mais se ouve entre a classe empresarial é que o acesso ao financiamento é cada vez mais difícil. Afinal, onde está a verdade”, questionou, na sua intervenção, o líder parlamentar do PAICV, João Baptista Pereira.
Olavo Correia respondeu que “os bancos comerciais analisam o pedido de crédito, avaliam os riscos, analisam os promotores, analisam os setores. Havendo as condições para o banco conceder o crédito, neste caso, o ecossistema pode entrar pela via de garantia parcial até 50%, em regra, 80% para as ‘start-up’ jovens, e agora criamos o mecanismo, no quadro do Orçamento do Estado de 2023, até 100% de garantias para jovens com projetos disruptivos e que podem alavancar a economia cabo-verdiana”.
“Pelo que, fica claro que o PAICV não sabe e desconhece por completo como funciona o ecossistema de financiamento ao setor privado cabo-verdiano”, acusou ainda, assumindo que mais de 1.900 empresas cabo-verdianas “receberam garantias”.
De acordo com dados oficiais do Ministério das Finanças consultados pela Lusa, entre 2020 e 2022 foram emitidos avales do Estado no valor de 543,6 milhões de escudos (4,9 milhões de euros), a favor de sete empresas.
Já a listagem das garantias do Estado para empréstimos a empresas ascende a 1.918 empresas e globalmente um crédito aprovado de 7.603 milhões de escudos (68,9 milhões de euros).
Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística - setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago - desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.
A Semana com Lusa