Mindelo: PM e pessoas em protestos
Em São Vicente é onde se registou a maior moldura humana. O vice-coordenador da Plataforma Sindical – Unir e Resgatar UNTCC-CS, Tomas Aquino, destacou «uma excelente participação de aproximadamente 4 mil pessoas», sobretudo de jovens. Isto, segundo ele, apesar de toda campanha anti manifestação promovida por pessoas próximas ao partido no poder.
Tomás revelou que esta campanha-anti manifestação foi sobretudo da Rádio Nacional, que mandou suspender, depois de ter sido pago, a divulgação de um spot publicitário que era para convidar os trabalhadores a participarem nesta manifestação. Informou que a RCV alegou ser ilegal divulgar o referido spot. “Mas não concordamos com isso, porque, para nós, é uma tentativa de silenciar os trabalhadores e sindicatos na realização desta manifestação. Vamos combater isso. E não iremos deixar que nenhum governo ou patronato, silencie os trabalhadores”, desafiou.
Diante de tudo isto, o sindicalista apelou a todos os trabalhadores para se manterem unidos e ligados aos sindicatos que os representam e defendem os seus legítimos direitos.
«O senhor Primeiro Ministro diz que é normal num estado democrático as pessoas saírem às ruas para se manifestarem. Claro que isso é normal. Mas eu pergunto ao senhor Primeiro-ministro se continua a achar normal tantas pessoas a saírem às ruas para se manifestarem”, questionou.
Sal: Boa moldura humana
Na ilha do Sal houve também uma boa participação dos trabalhadores na manifestação de hoje. A presidente do Sindicato dos Transportes, Comunicações e Administração Pública (SINTICAP) confessou que ficou surpreendida com a moldura humana (centenas de pessoas) presente nesta jornada sindical. Isto, segundo Maria Brito, apesar da campanha desencadeada por pessoas, segundo as quais não havia motivos para se manifestar.
Esta líder sindical disse esperar que o governo faça a leitura correta sobre a participação dos trabalhadores na manifestação de hoje e arrepie o caminho em relação a várias coisas que não estão bem em Cabo Verde.
Na mensagem final dirigida aos presentes no término da manifestação, Maria Brito disse que apelou ao Governo para que melhore o salário dos trabalhadores cabo-verdianos. Revelou que que pediu ainda mais saúde, mais segurança social, - o INPS deve estender o acesso dos trabalhadores a consultas e medicamentos, porque foram retirados muitos direitos aos segurados. “Pedimos também menos precariedades e apelamos ao Governo para ter atenção na alteração do Código Laboral», disse, solicitando que sejam repostos muitos dos direitos da classe trabalhadora que foram retirados.
Santo Antão: Adesão positiva e situação laboral crítica
Por sua vez, Carlos Bartolomeu, Secretário Permanente do Sindicato Livre dos Trabalhadores de Santo Antão (SLTSA), considerou que a adesão à manifestação de hoje foi positiva, com um registo de cerca de 300 pessoas.
O sindicalista informou que no final da jornada laboral desta segunda-feira apelou para a união dos trabalhadores e continuidade da luta, já que a manifestação é apenas uma das formas da luta sindical.
“A situação laboral é critica na ilha. Nós temos, por exemplo, a situação irregular dos técnicos operacionais do Ministério da Agricultura, do pessoal do Ministério da Educação, do pessoal operacional do Ministério da Saúde e de outras instituições na ilha. A situação mais grave acontece com o pessoal do Serviço Autónomo do Saneamento, onde se aplica um salário diário de cerca de 230 escudos. Isto não é normal, porquanto compramos nesta momento nas lojas um litro de óleo alimentar por 300 Escudos”, denunciou o sindicalista, lembrando do desemprego que afeta sobretudo os jovens e que deixam Santo Antão em busca de oportunidades de vida noutras ilhas e no estrangeiro. Anilza Rocha/Redação