Aos 21 anos em Lisboa, a estudante de Belas-Artes Maria Margarida Carmo Tengarrinha participou na luta académica de 1949 e como resistente antifascista a sua primeira tarefa foi a criação da `oficina´ de produção de documentos de identificação e outros necessários à intervenção clandestina do Partido Comunista Português. Durante mais de setenta anos, esta professora e artista plástica acreditou que "enquanto houver exploradores e explorados tem de haver revolução".
A nascida em Portimão em maio de 1928 teve, em 1949, o seu primeiro batismo de resistente antifascista durante a luta estudantil de 1949. Tornou-se membro da direção Universitária do MUD e aderiu ao PCP com 24 anos, em 1952.
Em 1956, depois da luta estudantil desse ano — que a pôs, e ao seu cônjuge José Dias Coelho, na mira da Pide —, entrou para a clandestinidade.
1961: Pide assassina, fugas de estudantes, guerras do Ultramar, presos fogem de Caxias, ’Santa Maria’
O sequestro do paquete ’Santa Maria’ em 1961 — ano movimentado com as fugas da prisão de Caxias, as fugas de estudantes (como Elisa Andrade, Pedro Pires, Mascarenhas Monteiro e esposa) que deixaram Portugal e outros países europeus para irem às matas da Guiné combater — tornou visível a ditadura salazarista.
Em dezembro de 1961, a Pide assassinou o também artista plástico José Dias Coelho e Margarida teve de deixar Portugal. Em Paris, trabalhou na Rádio Portugal Livre até ao seu regresso, em 1968, a Portugal.
Revolução, deputada nacional
Até ao 25 de Abril de 1974, Margarida Tengarrinha esteve na redação dos jornais Avante! e A Terra. A partir de maio de 1974 até 1988, como membro da direção do PCP, da Organização Regional de Lisboa, integrou a Comissão para o Trabalho com os Pequenos e Médios Agricultores e a Comissão para a Reforma Agrária.
Foi eleita deputada pelo Algarve nas legislaturas III (em 1979) e IV (1983).
Atividade artística e luta continua
Em 1986, esta professora e artista plástica passou a viver na sua cidade natal, Portimão, dedicando-se à pintura até entrar aos noventa e cinco anos para a eternidade, nesta quinta-feira, 26.
A arte de Margarida Tengarrinha esteve durante mais de setenta anos ao serviço da emancipação dos povos, pois dizia que "enquanto houver exploradores e explorados tem de haver revolução".