Conforme a mesma entrevista retomada pelo Cenabertaonline, Mia Couto lamenta que a organização se mantenha “num plano muito formal, muito distante da vida das pessoas” e defende que a CPLP deveria ter “uma dimensão mais cultural”. Ou seja, deve estar “mais ligada às preocupações do quotidiano das pessoas” e afirmar-se efectivamente como “uma resposta, num mundo que é guiado pela anglofonia e pelos interesses anglófonos”.
Questionado sobre o lugar das línguas locais de Moçambique, o escritor afirma, na mesma entrevista, que é “absolutamente essencial que passemos do discurso, das intenções políticas, para uma coisa mais concreta, mais real”: “Já é tempo de finalizarmos o trabalho que foi iniciado, de padronização da ortografia, de inserção dessas línguas nos currículos, de uma maneira que seja cuidadosa, que obedeça a esta condição de que este país vai ser um país multilingue”.
Mia Couto realça também a forma como o ensino do português é encarado em Moçambique - muitas vezes sem que se tenha em conta que se trata de uma “segunda língua” ou “língua de chegada”-, deve ser repensado.