Em declarações à imprensa, a ministra Joana Rosa explicou que é um programa com o qual querem contar com a colaboração dos empresários, para que possam também assumir responsabilidades em trabalhar a parte referente à reinserção e a reintegração social dos ex-reclusos.
“Como sabem, nós temos uma população prisional hoje significativa, e o índice de criminalidade acaba por ter reflexos directos naquilo que é a população prisional que nós temos. E nós temos enquanto Ministério da Justiça, obrigação de trabalhar a reinserção social desses reclusos e de prepará-los para a vida pós-cumprimento de pena”, clarificou.
Ciente de que garantir emprego a um ex-recluso é um desafio, nomeadamente na questão relacionada com o estigma social, com a falta de confiança dos empresários nos ex-reclusos, justificou a realização desta mesa redonda, hoje, na Cidade da Praia, com o objectivo de sensibilizar os empresários para esta causa.
A I Mesa Redonda de Reinserção Laboral dos Reclusos visa, afirmou, mostrar aquilo que é a radiografia dos estabelecimentos prisionais no país, chamar a responsabilidade dos empresários para que possam colaborar, disponibilizando em receber os ex-reclusos ou então os reclusos em regime Rave, ou semiaberto, para estágios, pós cumprimento de pena e terem um emprego nessas empresas.
“Mas nós temos a consciência que as empresas nem sempre tem disponibilidade em receber todos, neste momento temos uma bolsa de empresários e uma bolsa de 200 e tal reclusos e temos que saber onde colocá-los, os tipos de trabalho que poderão fazer em função daquilo que é apetência e formação profissional já recebida ao nível dos estabelecimentos prisionais”, disse.
A intenção, avançou, é continuar a acompanhá-los mesmo pós-cumprimento de penas, para que possam ter uma melhor integração no seio da família, na comunidade, com emprego digno, e, desta forma, Cabo Verde possa reduzir a reincidência da população prisional, e o índice de criminalidade.
Segundo indicou Joana Rosa, 74,4 por cento (%) da população prisional cabo-verdiana é jovem, cerca de 60 % da qual é usuário de drogas, 40 % dos condenados são por crimes contra o património, daí a necessidade de um estudo para a prevenção contra a criminalidade.
Entretanto, assegurou que o Governo tem estado a trabalhar aumentando significativamente o número de técnicos sociais e também em parceria com as câmaras de comércio do Sotavento e do Barlavento, com foco na implementação de medidas de combate em todos os estabelecimentos prisionais.
Por seu lado, o presidente da Câmara de Comércio do Sotavento, Marcos Rodrigues, assegurou que os empresários vêm “com bons olhos” este projecto, afirmando que “um país que tem realmente a questão da reinserção a todos os níveis resolvidos é um país equilibrado, um país de bem e justo”.
“E a nós importa-nos efectivamente um desenvolvimento integrado do país e que ninguém fique pelo caminho neste percurso do desenvolvimento”, assinalou, incitando os empresários a fazerem o melhor que souberem e puderem para ajudar esses homens e mulheres, que um dia por infortúnio correram em caminhos diferentes, a se sentirem também parte desta sociedade.
A Semana com Inforpress