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Cabo Verde de luto: Morreu o combatente da liberdade Djunga de Biluca 17 Abril 2023

Cabo Verde está de luto com a morte daquele que foi um destacado combatente da liberdade da Pátria, ativista social e antigo Cônsul de Cabo Verde em Roterdão-Holanda, João Silva, mais conhecido por Djunga de Biluca e que foi um grande amigo do jornal A Semana. Homem íntegro, Dujnga, que foi designado por Amílcar Cabral para representar o PAICG nos Países Baixos, desempenhou um papel importante na conscientização dos cabo-verdianos à causa da luta da libertação nacional, sobretudo através da gravação de discos com músicas de intervenção social e política na editora «Morabeza Records» de que foi seu principal socio-fundador e promotor do antigo conjunto Voz de Cabo Verde.

Cabo Verde de luto: Morreu o combatente da liberdade Djunga de Biluca

A fazer fé nas informações recolhidas por este jornal, a morte de Djunga de Biluca foi acolhida com muita consternação no país e na diáspora, principalmente em Holanda onde viveu a maior parte da sua vida, granjeou muita simpatia e respeito no meio da comunidade cabo-verdiana radicada neste país europeu.

«A Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria (ACOLP) exprime a sua mais profunda consternação pelo falecimento, aos noventa e quatro anos de idade, na cidade de Roterdão, de João Silva, mais conhecido por Djunga de Biluca, combatente da primeira hora, que teve um papel destacado na luta de libertação nacional, na promoção da cultura cabo-verdiana, na defesa e apoio dos imigrantes cabo-verdianos naquele país e no resto da Europa, uma figura incontornável dessa comunidade, por cuja afirmação e dignificação ele nunca se cansou de lutar», destaca o comunicado da ACOLP.

Segundo descreve a mesma fonte, a vida de Djunga de Biluca foi um exemplo de tenacidade, trabalho e dedicação que o levou a enfrentar com êxito as múltiplas dificuldades que se colocavam aos cabo-verdianos em luta pela sobrevivência e conquista da dignidade humana. Destaca que emigrou desde muito jovem, cruzou muitos mares e destinos e acabou por se fixar em Roterdão, na Holanda, onde se tornou um dos fundadores – certamente o mais destacado – da emigração cabo-verdiana nesse país.

Patriota, ativista social e cultural

«Nesse seu longo percurso, ele assumiu papéis proeminentes em diversas atividades, como trabalhador emigrante, oficial da marinha mercante, empresário, ativista social, cultural e político, destacando-se pelo apoio solidário prestado aos cada vez mais numerosos novos membros da nossa comunidade, na fundação da Associação Cabo-Verdiana, na edição do influente jornal comunitário Nôs Vida, na criação da primeira editora musical cabo-verdiana ’Morabeza Records’, na dinamização do inesquecível conjunto musical ’Voz de Cabo Verde’, como compositor e autor musical, na sua ação patriótica em prol da independência, mobilizando os seus compatriotas e, ao mesmo tempo, conseguindo apoios decisivos de organizações sociais e políticas holandesas a favor da luta pela independência nacional, tendo sido designado por Amílcar Cabral, com quem teve vários encontros, como representante do PAIGC na Holanda», lê-se no comunicado.

Este indica que, com o advento da independência nacional, Djunga de Biluca deixou a atividade empresarial para se entregar às tarefas da construção do novo Estado de Cabo Verde que nascia em meio de enormes dificuldades e incertezas. Ele tornou-se, prossegue ACOLP, o primeiro Cônsul-Geral de Cabo Verde na Holanda, funções que desempenhou com elevado mérito, tendo conseguido não só mobilizar com muito êxito a nossa comunidade para ajudar a lançar os alicerces do novo Cabo Verde, como dar início a uma cooperação muito significativa e frutuosa do Estado holandês com o nosso país.

«A sua ação foi de tal modo abrangente que as próprias autoridades holandesas, incluindo a Casa Real, exprimiram de diversas formas o seu reconhecimento pela ação deste nosso ilustre camarada. Recebeu várias distinções e condecorações. Foi distinguido pela Rainha da Holanda com o Grau de Cavaleiro da Ordem de Oranje-Nassau, em 2004, e também homenageado pelo Município de Roterdão. Mais recentemente, João Silva foi incluído na lista das 200 personalidades mais influentes da História de Roterdão. Pelo percurso de toda uma vida ao serviço da Nação, na dignificação e defesa das comunidades emigradas, na luta para a Independência e reconstrução nacional, na promoção da cultura, João Silva foi condecorado pelo Estado de Cabo Verde com o 2º Grau da Ordem Amílcar Cabral em 2003», acrescenta.

A Associação dos Combatentes da Liberdade da Praia faz questão de realçar que Djunga de Biluca foi um cabo-verdiano que marcou o nosso tempo, a sua geração e todos quantos tiveram o privilégio de conviver com ele. «É perante este cidadão extraordinário que deve ser motivo de orgulho de todos os cabo-verdianos, que a Associação dos Combatentes da Liberdade da Pátria se curva e presta hoje a sua mais sentida homenagem. A ACOLP apresenta à sua esposa Eva, à sua filha Diana e ao seu neto Jeffrey as suas mais sentidas condolências», conclui o comunicado que vimos citando.

O coletivo do A Semana aproveita também para apresentar as suas sentidas condolências aos familiares de Djunga Biluca, que foi um grande amigo deste jornal.

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