Em declarações à Rádio de Cabo Verde, o edil dos Mosteiros diz ter ficado surpreendido com a declaração de estado de calamidade apenas nos municípios da Brava, Santa Catarina do Fogo e São Filipe, deixando Mosteiros de fora quando, segundo o mesmo, por uma questão de coerência e bom senso se podia declarar o estado de calamidade para as ilhas do Fogo e da Brava.
“Estranhamos a decisão porque a ministra das Infraestruturas fez uma visita relâmpago ao município para fazer avaliação dos estragos provocadas pelas últimas chuvas e viu que a situação, por exemplo de Sumbango, se agravou, aumentando assim riscos de desabamento e queda de pedras, e que não se pode continuar apenas com intervenções de cosmética como tem sido alvo”, disse Fábio Vieira.
Além da situação de Sumbango, o edil apontou que na localidade de Atalaia há o registo da queda de muro de protecção que põe em perigo a circulação de viaturas e pessoas, além das vias internas e caminhos vicinais que foram parcialmente destruídos pelas enxurradas.
Este apontou ainda que com as chuvas do dia 25 de Setembro o acesso ao município de Santa Catarina, via sul, está parcialmente interditado, sublinhando que os horticultores tiveram prejuízos enormes nas suas propriedades agrícolas, há muitas famílias cujas habitações foram inundadas e carecem de intervenções urgentes.
Na lista dos estragos indicou que o telhado do polidesportivo João de Joia foi totalmente destruído pela ventania e que dois jardins infantis ficaram inundados.
“Em termos globais, com excepção da rocha de Sumbango, os prejuízos provocados pelas chuvas ultrapassam os 15 mil contos”, disse Fábio Vieira para quem o facto do seu município ter ficado de fora do estado de calamidade fica também desprovido de recursos públicos para reparar os danos provocados pelas chuvas.
A exclusão dos Mosteiros, segundo Fábio Vieira, “só pode ter uma justificação, é por ser da cor política contrária ao do Governo”, observando que em Cabo Verde a mobilização de recursos junto do governo depende muito do alinhamento político-ideológico do município com o governo.
Para o mesmo a discriminação dos municípios que não são da cor politica do Governo é uma realidade e aponta como exemplo a questão da realização da asfaltagem de pouco mais de seis quilómetros de estradas.
“Estamos a erguer o maior investimento público a nível do município sem contar com a comparticipação do governo (…) já tive vários encontros com o primeiro-ministro e a ministra das Infraestruturas e até hoje não há um quadro previsível se o governo vai ou não comparticipar na realização desta grande infraestruturas”, disse Fábio Vieira.
O autarca promete continuar a apelar à sensibilidade e ao bom senso do Governo para mobilizar os recursos públicos necessários para reparar os danos provocados pelas chuvas, mas também vai tentar mobilizar meios junto da cooperação descentralizada.
A Semana com Inforpress