Luís Carlos Silva lançou este repto em conferência de imprensa para abordar as declarações feitas pelo presidente do Partido Africano da Independência de Cabo Verde (PAICV – oposição) a respeito do processo de transferência do Liceu da Várzea para uma nova localização no Taiti.
Conforme este dirigente, a construção da embaixada dos Estados Unidos da América implica um investimento de cerca de 500 milhões de contos, mais de metade do Orçamento de Estado de Cabo Verde, indicando que desse um milhão de contos será injectado na construção civil no país.
Frisou, no entanto, que o PAICV, ao trazer à tona a transferência do Liceu da Várzea, “camuflado de preocupações” com os alunos e a qualidade das instalações, está, na verdade, a revelar a sua verdadeira agenda que vai além das suas preocupações educacionais.
“Suas acções ao longo desse processo, incluindo suspeitas infundadas e polêmicas, sugerem um objectivo que vai além das preocupações educacionais. Para além da contestação ao processo do liceu, tentaram, através da Câmara Municipal da Praia, de todas as formas, manchar o processo com toda a celeuma à volta do campo de ténis”, afirmou.
Luís Carlos Silva instou, neste sentido, o maior partido da oposição a adoptar uma postura “transparente e verdadeira”, colocando os interesses de Cabo Verde à frente de qualquer agenda partidária, frisando que ao invés de camuflar suas motivações deve revelar, claramente, suas intenções e agir em prol do desenvolvimento e do bem-estar do país.
Lembrou que a transferência do liceu da Várzea faz parte de um processo complexo que, pela sua dimensão e impacto, devia merecer uma abordagem consensual, considerando que a decisão dos Estados Unidos de construir sua embaixada significa o “upgrade” na relação com Cabo verde e a manifestação de uma aposta clara e inequívoca no país.
Adiantou que os recursos recebidos foram destinados à construção de um novo liceu no Taiti, com todas as valências que um liceu moderno requer, tendo afirmado que a verba permitirá ainda a requalificação e ampliação de mais três escolas básicas da Várzea e Terra Branca.
O secretário-geral do MpD desvalorizou as declarações do PAICV sobre a falha do Governo em vender o liceu para construir um outro liceu no novo espaço, salientando que o referido liceu é uma infraestrutura ultrapassada pelo tempo e em alto estado de degradação, que requer um investimento significativo para oferecer um ambiente educacional mais adequado aos níveis ambicionados.
“Cabo Verde vai ganhar uma nova moderna e bonita infraestrutura para servir o sector da educação. Está-se a ceder uma instalação ultrapassada pelo tempo e que requer muito investimento para se ganhar novas instalações modernas com todas as valências que um liceu moderno requer e Cabo Verde ganha”, acrescentou.
Reconheceu, no entanto, que houve atraso no processo de construção desse novo liceu e que a transferência temporária dos alunos é um “pequeno sacrifício” que terá que ser feito e que valerá a pena.
“Todo esse processo de transferência está devidamente comunicado, os alunos não terão custos adicionais pela transferência. O que nós consentimos aqui é um pequeno sacrifício para um ganho maior. O PAICV finge não ver as outras dimensões do processo, o que temos aqui não é só a questão do liceu da Várzea, é a instalação de uma embaixada, robusta e com uma outra dimensão e com outra relevância”, declarou.
Luís Carlos Silva lamentou, por outro lado, o facto de o PAICV optar por “politizar esse assunto crucial para Cabo Verde” e pede ao maior partido da oposição que reveja suas prioridades e se concentre no que é realmente relevante para o desenvolvimento da nação e o bem-estar dos cabo-verdianos.
Concluiu, frisando que o presidente do PAICV, Rui Semedo, nas suas declarações perdeu uma oportunidade de explicar aos cabo-verdianos o paradeiro dos cerca de 250 mil contos recebidos pela Câmara Municipal da Praia pela venda do Clube de Ténis.
O novo Liceu da Várzea, edificado na zona do Taiti, perto do Memorial Amílcar Cabral e da Biblioteca Nacional, ocupa uma área de 4.293 metros quadrados, terá três pisos, 15 salas de aula, anfiteatro, com 180 lugares, cozinha, cantina, ala administrativa, biblioteca e pátio interior, entre outros.
O investimento é de 580 mil contos financiados pelos governos de Cabo Verde e dos Estados Unidos da América, que adquiriu o terreno onde está o antigo liceu e áreas circundantes para a construção da sua nova Embaixada e de outras acomodações. A Semana com Inforpress