Volkov diz ser urgente aplicar sanções ao chefe do Kremlin neste momento em que a Rússia ameaça invadir a Ucrânia. Para contrapor a este "ato de chantagem", é preciso uma ação concertada do "Ocidente".
Os Estados Unidos recentemente impuseram sanções, mas que provam ser insuficientes pelo que a Casa Branca já avisou que vêm aí medidas mais pesadas e que visam "diretamente" o presidente russo.
O presidente Joe Biden avisou o homólogo russo de que a invasão da Ucrânia obrigaria os Estados Unidos a intervir. A porta-vox da Casa Branca, Jen Psaki, disse esta semana que "estão identificadas pessoas próximas do Kremlin" que influenciam as decisões do governo russo e que sabemos que têm os seus bens no Ocidente.
Multimilhões em bens ... elusivos
Elusivos, escondidos, não se sabe onde param. Há mesmo quem duvida que existam, justificando que o seu poder é tal que pode ter acesso a tudo o que o dinheiro compra: "basta-lhe estalar os dedos e tem acesso a palácios, a iates, aeronaves de todo o tipo e em todo o mundo".
Investigações ao longo de mais de uma década têm dado indicações que culminaram este mês na lista publicada pela Forbes, a revista de negócios e finanças.
A encimar a lista de bilionários suspeitos de serem testas-de-ferro de Putin está o "português" Roman Abramovich (que vale $13,8 bn). Alisher Usmanov e Leonid Mikhelson completam o top-3 dos magnatas de Putin. Estas três "carteiras", segundo estimativas diversas incluindo a do Navalny Team, valem $58 bn, mais de 5 biliões de contos.
Sobre a eficácia das sanções, a Forbes aponta que até esta, os visados bilionários próximos de Putin (desde 2014 na lista de sancionados do Tesouro americano) perderam boa parte da fortuna., por terem dificultado o acesso ao sistema financeiro dos EUA e aos bens sob jurisdição americana.
Exemplo: em março de 2019, meses depois de ser alvo de sanções dos EUA o bilionário Oleg Deripaska perdeu 47% da fortuna que passou de $6,76 bn para $3,58 bn, devido a uma queda abrupta das ações das duas empresas de alumínio En+ Group e UC Rusal, de que é acionista maioritário. Foi em vão que Deripaska — que alegou ter-se tornado "radioativo" ao figurar na lista de sancionados — processou o Departamento do Tesouro dos EUA.
Outro oligarca russo que entrou na lista de sancionados em 2018, Viktor Vekselberg, disse em entrevista à Forbes Russia em fevereiro de 2021 que o o Departamento do Tesouro dos EUA lhe congelara $1,5 bn dos seus bens. Parece muito, mas é só uma fração dos seus $9,3 bn.
Outro alegado testa-de-ferro do chefe do Kremlin é o magnata do gás e eletricidade Arkady Rotenberg (na foto com Putin). Após Navalny retomar a denúncia sobre o palácio, no Nar Negro, avaliado em um bilião de dólares (foto em baixo), surgiu Rotenberg a afirmar que é ele o dono (Putin: "O palácio do vídeo de Navalny não é meu", 26.jan.021). Uma reportagem da BBC em 2012 foi a primeira a levantar a lebre ao demonstrar que o Estado russo estava a investir centenas de milhões em infraestruturas de acesso exclusivo ao sumptuoso palácio, cujo dinheiro provinha de fundos destinados ao setor da Saúde.
Fontes: Reuters/BBC/Washington Post/IA.org/AFP/RT/. Relacionado: Personae non gratae: Rússia expulsa diplomatas solidários com Navalny — Opositor russo condenado escreve a apoiantes, 06.fev.021; Rússia pede apoio da Alemanha para esclarecer envenenamento de Navalny, 01.set.020; Fotos: Putin rejeita ser dono de palácio. No tribunal de Moscovo, em 01.02.2021, Navalny foi sentenciado a dois anos e oito meses de prisão, por violação da liberdade condicional num caso de fraude em que foi condenado em 2014.