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Nigéria-Eleição 2023: "Permitiram o meu rapto e agora querem o meu voto" 10 Fevereiro 2023

Os raptos tornaram-se a face mais visível da impotência do Estado. Primeiro perante djihadistas e em seguida perpetrada em acúmulo por bandidos comuns. Em cada nova eleição presidencial, surgem promessas de solução e a próxima, a ter lugar no dia 25, não é exceção, mas a indignada voz da raptada pelo Boko Haram ecoa no eleitorado descrente de promessas presidenciais na luta contra o terrorismo e banditismo.

Nigéria-Eleição 2023:

Bola Ahmed Adekunle Tinubu (foto principal) é o candidato do partido de Buhari. Aos 71 anos, tem mais seis anos que Buhari no seu primeiro mandato.

Sobre esta sucessão, o eleitorado manifesta desconfiança. Muitos que votaram Buhari expressaram que votam em outro que no APC-Partido de Todos os Congressistas. O descontentamento é enorme, sobretudo no norte martirizado pelo terrorismo e onde se prevê no dia 25 um grande nível de abstenção.

"Se o Buhari não pôde resolver os problemas deste ano, ninguém mais pode", disse à BBC a Nana Samaila (na foto) que ha três anos deixou a sua aldeia, Batsari, devido aos ataques djihadistas. Desde a semana passada, acolhe na sua morada na cidade a filha, genro e neto, fugidos também à violência do banditismo.

Maria Sani, de 45 anos, entrevistada também com ajuda de intérprete, confessou que não tenciona votar. "Permitiram o meu rapto e agora querem o meu voto".

Os raptos começaram por estar associados a uma motivação terrorista-ideológica, como o rapto em 2014 das ’meninas de Chibok’ — um acontecimento mediatizado e que mobilizou figuras de primeiro-plano na liderança mundial. Depois, começaram a ser raptos por motivação criminosa visando o lucro (Nigéria: $30 milhões "não protegeram escolas" — Chibok há 7 anos espera raptadas por terroristas Boko Haram, 18.abr.021).

O presidente Buhari, que apoia o candidato Bola Ahmed Adekunle Tinubu (foto principal), tem-se posicionado contra o pagamento de resgates. As notícias mostram que tem sido vão o seu apelo aos governantes para cessarem essa prática (Nigéria: Presidente apela a governadores "para não pagarem" resgates a "bandidos", 05.mar.021.

A prometida luta contra o terrorismo embate em problemas estruturais de financiamento da defesa num país rico em petróleo. Analistas e opositores políticos apontam a corrupção como um dos principais obstáculos a essa luta (FinCEN: Lavagem de capitais na venda de petróleo da Nigéria — Ex-VP Abubakar implicado, 02.out.2020).

...

Fontes: BBC/ Relacionado: Nigéria dividida entre Buhari e Abubakar – Contam-se votos de Eleições gerais de sábado, 24, por entre alegações de fraude, 28.fev.019; Nigéria: Libertados 344 alunos raptados — Ignora-se se por terroristas Boko Haram, 20.dez.020. Foto (BBC): Aisha Mama (esqª), entrevistada na casa da mãe, Nana Samila, na cidade de Katsina, teve de fugir com o marido e o filho da sua aldeia, Dangyya, alvo de frequentes ataques djihadistas, o último na sexta-feira 3 terá causado 102 mortes (o número oficial é 41).

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