“Menosprezando a grave situação de aperto em que as famílias vivem, na qual muitas não conseguem levar a panela ao lume, neste novo ano, o Governo decidiu sufocar ainda mais o poder de compra dos Cabo-Verdianos, retirando a subsidiação da farinha de trigo, provocando assim um aumento brutal deste produto, de primeira necessidade, em quase 60%, ou seja, um saco de farinha que custava antes 2.890$00 passa agora a ser vendido a 4.600$00”, destacou.
Diante de tudo isto, o dirigente do PAICV pede ao Governo que reflita sobre a sua posição ideológica relativa a teoria da economia do mercado, pois, no contexto de incerteza da económica nacional e internacional, em que as famílias cabo-Verdianas estão sendo atingidas pelos impactos das crises sem rendimentos e emprego, além de aumentos salariais residuais, em que os cabo-verdianos veem anualmente a degradação do seu salário real.
“É preciso dizer que este aumento do preço do trigo tem também impacto direto no ganha-pão dos cidadãos, sobretudo mulheres chefes de famílias que têm no trigo a principal matéria prima para preparem produtos para venderem e retirarem o sustento para as suas famílias. Por outro lado, os donos de padaria e pastelaria, os distribuidores de pão que já estavam sufocados com outros aumentos como é o caso de combustíveis, sentirão com este aumento obrigados a reduzirem os custos dos seus negócios o que poderá levar centenas de jovens e chefes de famílias ao desemprego”, complementou.
Governo sem rosto humano e proposta de políticas alternativas
Adélcia Almeida ressaltou que vale dizer que esta subida generalizada de preços dos produtos de primeira necessidade também é fruto do aumento do preço dos combustíveis, mas sobretudo, do aumento dos direitos de importação aplicado a mais de 2 mil produtos e a falta de investimento do governo nos sectores primários, com destaque para o sector agrícola e a pesca.
“Cabo Verde precisa de um Governo com rosto humano e que face ao contexto de crise, deve adotar medidas extraordinárias para ajudar as famílias a enfrentar este aumento brutal dos preços de bens de primeira necessidade, socorrendo aos cabo-verdianos, dando-lhes a possibilidade de terem à mesa um produto básico na sua dieta alimentar, como é o caso do pão”, disse.
É preciso lembrar, conforme pontuou, que o governo tem vindo a arrecadar um conjunto de receitas através das taxas que derivam do aumento do preço dos combustíveis, da energia e de outros bens, que lhe permite perfeitamente manter o subsídio da farinha, evitando o aumento da subida do preço do pão. Sugeriu que pode ainda evitar esse aumento através da diminuição ou retirada do IVA.
Segundo ainda a parlamentar do PAICV, uma outra forma de o fazer é através da redução das supérfluas despesas do Governo com viagens, estadias, subsídios, canalizando os montantes para a subsidiação de produtos de primeira necessidade, evitando a subida dos preços.