Asemanaonline - Como se sente ao ser escolhida para integrar uma lista partidária numa ilha importante como São Vicente?
Josina Freitas - Foi para mim uma grande honra ter recebido o convite para integrar e encabeçar a lista do PAICV na ilha onde nasci, cresci e faço a minha vida e aceitei o convite com um sentimento de profunda responsabilidade.
Como empresária e mulher próxima a cultura, resolve agora entrar na política ativa. Como se sente com isso?
Posso dizer que sou uma mulher de desafios. Aceitei o desafio de integrar a direção de uma estrutura do Estado – do Ministério da Cultura; abracei o desafio de atuar como empresária. Foram todos desafios exigentes, difíceis, mas também aliciantes e fontes de grande aprendizagem, de crescimento.
Este é um novo desafio, que aceitei em parte devido ao momento delicado que estamos a viver. Todos somos chamados à ação, de uma forma ou de outra. Precisamos do contributo de todos. Creio, fortemente, que poderei dar o meu da melhor forma atuando agora na política ativa, e estou certa de que será também um exercício difícil e com muitas aprendizagens. Sinto-me suficientemente forte e apoiada para não defraudar os meus eleitores, e tal como noutros momentos – os mindelenses conhecem-me – estou certa de que darei o meu melhor.
Consta que a lista do PAICV que encabeça abriu à sociedade civil e reduziu a participação dos dirigentes ou militantes do partido. O que esteve na base dessa orientação ?
Um “Cabo Verde para Todos” é de todos. Eu aceitei o convite porque acredito em “Um Cabo Verde para Todos”.
O presidente da Comissão Política Regional do PAICV, Alcides Graça, ficou excluído da lista por ter ficado em quinta posição. Este fato não terá impacto negativo nos resultados eleitorais?
Posso afirmar com segurança que os resultados das eleições vão depender do trabalho de todos os militantes e apoiantes do PAICV, e do envolvimento de toda a população de S. Vicente. Para construir “um Cabo Verde para Todos” terá de ser um trabalho de equipa.
Como pretende aproveitar Alcides Graça na campanha eleitoral?
«Estou totalmente disponível para ajudar o nosso partido nas acções de campanha”. Foram essas as palavras do camarada Alcides Graça.
Quais são os pontos fortes para Mindelo, em termos de plataforma eleitoral do PAICV e esforços a se desenvolver em termos de novas políticas públicas para a ilha?
A plataforma eleitoral do PAICV será divulgada a seu tempo. Contudo, posso adiantar que S. Vicente terá um papel fundamental na construção desse “Cabo Verde para Todos”.
Como é que se sente com o desafio que lançaste em eleger 5 dos 10 deputados de São Vicente, visto que muitos consideram esse cenário demasiado otimistas?
Quando lutamos por algo, o ser optimista é fundamental para vencer. Quem me conhece sabe que ser otimista é a minha forma de vida. O não está sempre garantido, vamos lutar pelo sim! A garra, a fé e a esperança são energias que nos caracterizam, a nós, cabo-verdianos, e que nos têm levado a muitos ganhos improváveis no passado.
O PAICV coloca-se como a única alternativa credível à governação do MpD. Por isso, considera possível recuperar eleitores do partido que votaram na UCID e os outros votos úteis nas últimas eleições?
O voto na UCID é um voto de protesto, na medida em que o partido não tem expressão nacional, apenas regional. Quem votar no PAICV sabe que o PAICV pode fazer a diferença, pois pode assumir o poder, de facto, e tomar decisões.
Aposta no diálgo com jovens e mais poderes para regiões
Os eleitores de São Vicente continuam descrentes nos políticos, sobretudo nos partidos do arco do poder (MpD/PAICV), penalizando-os com votos contra ou abstenção nas últimas eleições. O que a lista do PAICV pretende fazer para credibilizar a política e reconquistar esses eleitores?
Diálogo, diálogo e mais diálogo. É preciso ter a coragem de implementar mudanças concretas no nosso sistema atual, e a regionalização, com a real transferência de poderes e de recursos para a nossa região, é uma das causas pela qual iremos lutar.
Os mais jovens, em S. Vicente, em Cabo Verde e no mundo sentem-se descrentes com a política, é um fenómeno muito estudado.
A lista do PAICV aposta no diálogo com os mais jovens, começando por ouvi-los, e por promover o diálogo com todos, para envolvê-los mais na política, fazê-los participar, e compreender que a política é a gestão do que é comum, dos assuntos da comunidade, e a participação de todos é de facto necessária para essa nova construção que nos permita ultrapassar os bloqueios criados e as desilusões instaladas. O futuro é dos jovens e não há outra alternativa. Quando não votamos, deixamos que os que votam decidam por nós, e ninguém sabe resolver os nossos problemas melhor do que nós próprios, que os vivemos e os conhecemos. Temos que “Pensar pelas nossas próprias cabeças”, como disseCabral, para atingirmos os nossos objetivos.