Na sua comunicação, o PR cabo-verdiano começou por agradecer ao Secretário Geral das Nações Unidas, António Guterres, por aquilo que considera ser “o honroso convite e a oportunidade de intervir nesta Cimeira para a Transformação da Educação”, ocasião ímpar para Cabo Verde renovar o forte compromisso de continuar a investir na educação, no capital e no talento humano, enquanto maior patrimônio do país.
“O desenvolvimento de Cabo Verde, um pequeno Estado insular, tem tido por base um investimento contínuo e consistente na educação e na boa governação, desde a sua independência, em 1975. Atualmente, cerca de um quarto da população do país encontrase na escola e Cabo Verde é o terceiro país mais alfabetizado da África Subsaariana”, enfatizou.
JMN fez questão de realçar que desde “a hora zero da República”, Cabo Verde fez um percurso notável na educação e alcançou, no essencial, os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio. “No entanto, devido à complexidade do desenvolvimento do país, que integrava o grupo dos mais pobres do mundo, em 1975, e passou para o grupo de países de rendimento médio em 2008, o desafio da qualidade da educação tornou-se premente”, salientou.
“Para acelerarmos o passo no processo de transformação socio-económica e política do país, temos de continuar a investir na educação cidadã e inovadora como prioridade nacional”, defendeu José Maria Neves, que aprestou seis compromissos de Cabo Verde para transformar a educação, no sentido de maior qualidade e inclusão:
- - Apostar na transformação digital capaz de conectar Cabo Verde dentro e fora do seu território e com a sua altamente qualificada diáspora, para nos ligar em rede e maximizar o saber, a ciência e inovação;
- - Reforçar ações para o desenvolvimento de competências digitais no sistema educativo, dando prioridade a um programa de educação digital para todos em todos os níveis de ensino e promover iniciativas para a utilização intensiva das TIC;
- - Reforçar as capacidades dos docentes para darem resposta às necessidades de aprendizagem dos alunos e tirarem partido das TIC e das ferramentas do Ensino à Distância;
- - Reforçar as práticas de educação inclusiva que abranjam tanto as crianças, adolescentes e jovens com necessidades educativas específicas como os oriundos de diferentes contextos culturais, promovam a igualdade e equidade de género e estejam assentes numa abordagem multissectorial;
- - Transformar as Universidades em espaços de inovação, de experimentação e de aceleração da aprendizagem para o desenvolvimento sustentável do país, particularmente nos domínios das TIC, da economia azul e da economia verde, capitalizando o potencial da diáspora académica para a criação de uma verdadeira Universidade Global;
- - Consagrar 20% do Orçamento do Estado para o setor da Educação durante os próximos anos, dando atenção à primeira infância, à qualidade das aprendizagens e à transformação digital e apoiando-se não só nos recursos do Estado, mas também nas parcerias público-privadas e nas reformas da gestão administrativa e financeira, visando ganhos de eficiência e eficácia.
Cabo Verde ambiciona ser uma referência no mundo
Para José Maria Neves, Cabo Verde ambiciona continuar a ser uma referência na região e no mundo em termos de Educação. “Queremos transformar a Educação, a todos os níveis, para que ela seja o acelerador de um crescimento económico inclusivo e ambientalmente sustentável. Sendo um Estado transnacional e uma nação diasporizada, Cabo Verde deve mobilizar todas as suas capacidades humanas, nas ilhas e nas vastas comunidades espalhadas pelo mundo, para a edificação de uma educação transformadora do país num espaço dinâmico e competitivo, moderno, próspero, justo e inclusivo, com oportunidades partilhadas por todos”, anunciou.
Referindo-se aos desafios do continente negro, o chefe de Estado de Cabo Verde desafiou que a “África só será um ator relevante na arena internacional se apostar pesadamente numa educação que crie valor espiritual e vigor intelectual suficientes para a imaginação de um futuro muito melhor e a catalisação do desenvolvimento sustentável de todo o continente”.