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Oposição timorense contesta nova lei da radiodifusão por permitir rádios doutrinárias 08 Mar�o 2023

O maior partido da oposição em Timor-Leste, CNRT, contestou hoje elementos da nova lei da radiodifusão, aprovada na terça-feira, por permitir rádios doutrinárias, de partidos, e bloquear a compra de espaço noutros ’media’ pelas forças políticas.

Oposição timorense contesta nova lei da radiodifusão por permitir rádios doutrinárias

“Nós não concordamos que um partido político possa criar ou estabelecer rádios ou televisões dos partidos políticos, doutrinárias, porque não garantem a independência, imparcialidade, neutralidade e objetividade exigida aos órgãos de comunicação social”, disse à Lusa a deputada do Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT) Carmelita Moniz.

“A ’media’ e a comunicação social têm que garantir isenção dos poderes políticos e económicos e neutralidade e objetividade”, vincou.

A nova lei, que vai agora ser avaliada pelo Presidente timorense, que permitem a existência de rádios e televisões “doutrinárias”, como a Rádio Televisão Maubere (RTM), um órgão da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), maior partido no parlamento e um dos três da coligação governamental.

O diploma, aprovado por 37 votos a favor e 14 abstenções (do CNRT), impõe ao mesmo tempo limites à “liberdade de programação”, determinando que “os operadores radiofónicos e televisivos estão proibidos de ceder, a qualquer título, espaços de propaganda política, sem prejuízo do disposto na legislação específica sobre o Direito de Antena”.

A questão do direito de antena, por seu lado, está definida nos regulamentos das campanhas eleitorais, que determinam que “as estações de rádio e de televisão públicas reservam aos candidatos igual tempo de antena”, tendo que previamente informar a Comissão Nacional de Eleições (CNE) do horário previsto para as emissões.

Em eleições anteriores, e além do tempo de antena oficial, alguns partidos chegavam a comprar espaços ‘publicitários’ através dos quais garantiam a transmissão na íntegra de comícios partidários.

Carmelita Moniz explicou que o partido decidiu abster-se na votação, por considerar a importância de uma lei de radiodifusão, mas por contestar elementos como o da existência de meios doutrinários.

“Não concordamos que um partido político possa ter rádio e televisão porque isso não garante os princípios estipulados na Constituição. Nós também poderíamos ter aberto já uma rádio e televisão nossas, mas não o fizemos por isso mesmo”, vincou.

Questionado sobre as críticas, o secretário-geral da Fretilin, Mari Alkatiri, defendeu o direito do partido poder ter uma rádio e uma televisão, e considerou que a nova lei procura garantir “mais igualdade de tratamento” para todas as forças políticas.

“Se os outros partidos quiserem que façam o seu próprio órgão de informação. Naturalmente que comprar publicidade se torna um pouco desigual entre partidos pequenos e grandes. Os pequenos não podem fazer isso. A verdade é essa. Mas as leis permitem que qualquer partido tenha o seu próprio órgão”, afirmou.

“A desigualdade havia antes. Em que quem pode comprar compra, usa e abusa, como houve nas presidenciais, em que a GMN [Grupo Média Nacional] e outros transmitir diariamente sondagem de opinião para influenciar o público, e transmitiram comícios em 2018 e 2017”, afirmou.

Alkatiri disse que a nova lei procura “criar um certo equilíbrio e balanço na divulgação dos atos entre os partidos políticos”.

“A RTM é um órgão do partido. Por isso mesmo sendo órgão do partido. Cada um pode ponderar e ver até onde consome essa informação. É diferente de uma televisão que se proclama privada e independente, isto é diferente”, disse.

A lei em Timor-Leste proíbe a publicidade que “tenha como objeto ideias de conteúdo sindical, político ou religioso, salvo se de autoria, devidamente anunciada e identificada pelas próprias entidades”.

Relatórios das missões eleitorais de observação às últimas eleições em Timor-Leste referem-se a esta questão, notando quer a compra de espaço informativo na GMNTV, por exemplo, quer a cobertura “parcial” da RTM, que dedicou a quase totalidade da cobertura à Fretilin.

A campanha para as legislativas de 21 de maio começa a 19 de abril.
A Semana com Lusa

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