A membro da Comissão Política do PAICV destacou que o Rendimento Social de Inclusão no valor 5 mil escudos mensais por agregado familiar, esta composta em média por 5 pessoas, equivale a 33 escudos por dia e por pessoa.
“E aqui perguntamos ao governo e ao MpD: é possível alguém viver com 33 escudos por dia em Cabo Verde?”, questionou.
Acrescentou que a promoção do empreendedorismo e a inclusão produtiva resumem-se à entrega, com direito a fotografias e reportagens na televisão, de um kit de trinta mil escudos, que inclui um saco de batatas, ou uma máquina de fazer bolos, ou pás e martelos, ou malas térmicas, numa ação pública “tão indigna quanto deprimente e vergonhosa para a nação”.
Conforme realçou, alertaram a nação e os parceiros de desenvolvimento de Cabo Verde de que a política social que o atual governo está a implementar não combate a pobreza, não promove a qualidade de vida das pessoas e muito menos o desenvolvimento social e económico.
Uso de ajudas para condicionar pessoas
“O governo e o MpD estão a utilizar as ajudas internacionais para condicionar as pessoas e obter dividendos eleitorais”, salientou.
No que diz respeito à proteção das crianças e adolescentes, destacou que é outra falácia. “Num Estado Social, as crianças têm prioridade entre as políticas públicas sociais. Mas este governo destruiu tudo o que encontrou; desinvestiu no ICCA, desmantelou os centros de acolhimento encontrados e os centros de dia funcionam com muita deficiência”, apontou.
Carla Carvalho falou também sobre a terceira idade, que caracterizou como sendo uma classe esquecida. “Os nossos idosos, que vivem em situação de pobreza, estão abandonados à sua própria sorte, esperando e desesperando pelas promessas deste governo”, acrescentou.
Falácia a estudantes e descapitalização do ICIEG
A parlamentar frisou que outra grande falácia deste governo é dizer que não estão a deixar nenhum estudante para trás.
“A gratuitidade do ensino é o engano que se sabe. Tentam ludibriar os cabo-verdianos com a bandeira da isenção da propina”, apontou. De acordo com o mesmo, o país deu um passo atrás nos ganhos alcançados nas políticas de género.
“O ICIEG está descapitalizado. Levaram quase sete anos para tirarem do papel o Fundo de Apoio à Vítima, mas até este momento as vítimas continuam à espera, faltando informações e canais de acesso”, fundamentou.
Falta de habitação e emprego
Disse ainda que milhares de famílias continuam sem habitação condigna, com os tetos a caírem aos pedaços, sem casa de banho, sem as condições de habitabilidade, esperando pelas promessas deste governo.
“Está cada dia mais evidente que os cabo-verdianos foram enganados”, enfatizou.
Denunciou, por outro lado, que não há uma política consistente de criação de emprego, de autonomização das famílias, de redução das desigualdades sociais e, muito menos, de erradicação da pobreza.
Mas que no entanto, afirmou, existem medidas pensadas e concebidas para ganhar as eleições, como aconteceu nas vésperas das últimas legislativas, e assim estão a preparar, através do Orçamento de Estado para 2024, para as eleições autárquicas.
Compra de votos e marketing político
“Efetivamente, Cabo Verde vive tempos sombrios em que um governo governa tão-somente para os ciclos eleitorais. Tempos em que um governo e um partido confundem, propositadamente, o conceito de política social com política eleitoral e partidária”, enfatizou.
Carvalho afirmou que os discursos do governo já não convencem, pois, a verdade já desfez a mentira, escancarando um governo e um partido que inauguraram o “maior estado de compra de votos e de consciência da história deste país”, um governo e um partido que implementaram o “maior estado de assistencialismo da história deste país”, um governo e um partido que produziram o “maior estado de propaganda e marketing de que esta nação tem memória”.
“Na verdade, só se pode falar de maior estado social de um país, quando há um governo que cria empregos dignos; onde as famílias conseguem viver com dignidade, levar a panela ao lume, educar os seus filhos e cuidar dos seus idosos. Um estado social é um estado onde o país é de todos e para todos e ninguém é deixado para trás”, concluiu.