Conforme ressaltou Rui Semedo, já tinha vindo ao público o engavetamento de inspeções feitas à gestão dos anteriores Presidentes da Câmara da Praia e, agora, ficou a saber-se que há uma tentativa de esconder novos relatórios de inspeção para que não sejam tornados públicos os desmandos de uma alegadamente gestão danosa dos recursos públicos.
“Aliás, ainda, com relação à falta de transparência, já devíamos ter aprendido a lição, porque ela conduziu-nos ao descalabro no sistema dos transportes aéreos, com prejuízos incalculáveis, a desestruturação dos transportes marítimos e ao caos na circulação de pessoas e bens entre as ilhas”, enfatizou.
Para o maior partido da oposição, Cabo Verde precisa de uma governação com profundo sentido patriótico, comprometido com o país, com um arreigado sentido de missão e com abertura e sem medo de ser controlado e fiscalizado pelo povo.
Rui Semedo acrescentou que o governo de Ulisses Correia e Silva em vez de se concentrar na sua missão de servir o País e os cabo-verdianos, definiu outras prioridades: atacar a oposição e perseguir as Câmaras que não são da sua cor política, discriminar os cidadãos que pensam com as suas próprias cabeças e gerir as oportunidades numa perspetiva clientelista, assaltando o Estado e a sua Administração, colocando as instituições públicas ao serviço dos seus militantes e apoiantes.
“Só isso justifica a atitude do primeiro-ministro de desprezo para a oposição, de insensibilidades às críticas, tanto dos cidadãos como dos partidos, de um autismo profundo perante as ideias e propostas dos outros e de uma sobranceria e arrogância de quem considera que o poder é dele, outorgado por uma espécie de direito divino, transformando os outros em fiéis e acríticos súbditos”, pontuou.
O líder do PAICV revelou ainda que os últimos sinais dados pelo primeiro-ministro são preocupantes, porque ele se mostra mais preocupado com a manutenção do poder, ou ampliá-lo, de que resolver os problemas que afligem as pessoas.
“Nos últimos dias deixou cair a máscara para afrontar, de forma direta, as Câmaras e seus Presidentes, onde não exerce influência política, com total desrespeito pelos princípios e valores democráticos e pelas regras de uma boa e sadia convivência entre o poder Local e o Poder Central, onde se quer a complementaridade para se atacar os desafios enfrentados pelas pessoas”, disse Semedo.
Este referiu ainda que com o aproximar das eleições está a revelar-se ao país, um primeiro-ministro mais violento nos discursos, que elege a confrontação política como via de relação institucional e que despreza todos que pensam ou tem ideias diferentes das suas.
Rui Semedo avisou que o PAICV espera que esta «sanha não contribua para aumentar ainda mais a perspetiva centralizadora deste governo e que não se traduza numa maior tentação de sufocar as Câmaras e impedir que cumpram a sua missão de realizar o bem comum e melhorar a qualidade de vida dos munícipes».
O PAICV alertou, por outro lado, que os recursos públicos devem ser utilizados de forma transparente, com rigor e com justiça e nunca numa perspetiva de condicionar as ações do Poder Local que é, por um lado, emanação do voto popular e, por outro lado, é autónomo e livre para materializar os seus compromissos com os eleitores.
Praia
