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PM de Cabo Verde insta banca a mudar perceção sobre financiamento na agricultura e pescas 25 Maio 2023

O primeiro-ministro cabo-verdiano, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o risco de financiamento na agricultura e nas pescas ainda é visto como elevado no país e instou a banca a mudar essa perceção para aumentar créditos internos.

PM de Cabo Verde insta banca a mudar perceção sobre financiamento na agricultura e pescas

“Há uma perceção de mercado, principalmente do setor financeiro, relativamente à agricultura e às pescas, de risco elevado. Há dados objetivos, sim, mas há uma perceção criada durante muitos anos e nós temos que mudar essa perceção”, pediu o chefe do Governo.

Ao intervir, na cidade da Praia, na apresentação do Programa de Promoção de Oportunidades Socioeconómicas Rurais (POSER), Correia e Silva recordou que o Governo lançou em março um programa para empreendedorismo jovem com uma linha de crédito com bonificação de taxas de juros e com garantia do Estado que pode chegar aos 100%.

“Mas, mesmo assim, a sua utilização tem sido relativamente fraca, porque o sistema bancário ainda tem uma perceção do setor de risco alto”, lamentou o primeiro-ministro, prometendo trabalhar para “reduzir” esse nível de risco.

“Porque, para além daquilo que recebemos como donativos, nós precisamos, através de financiamento do sistema, próprio, de recursos internos, fazer impulsionar mais os investimentos, nomeadamente empreendedorismo jovem neste setor, que tem muitas vantagens”, prosseguiu.

A perspetiva, disse, é trazer jovens para a agricultura, pesca e pecuária, recordando que recentemente foram realizadas feiras de agronegócios e de empreendedorismo e do fomento empresarial, em que a maioria dos participantes eram jovens.

O objetivo, prosseguiu Correia e Silva, é transformar a agricultura num setor produtivo, orientado para o mercado e que produz mais rendimento e riqueza.

“Com estes desafios, temos condições para conseguir bons mecanismos de financiamento”, entendeu, dizendo que o grande desafio do país é o financiamento climático e ambiental.

Relativamente ao POSER, disse que “já é uma marca” no país, mas considerou que ainda precisa ser amplificada, ganhando mais escala e dimensão e com projetos duráveis.

Segundo os dados hoje apresentados, um terço das famílias rurais de Cabo Verde beneficiaram do programa, representando quase 22 mil pessoas, mais seis mil do que a meta inicialmente traçada.

“Se hoje estamos a atingir mil ou duas mil famílias, temos de chegar a 10 mil, 20 mil, a 30 mil, aí sim altera o quadro da situação e depois produz o contágio positivo para as pessoas começarem a mudar a perceção relativamente a estes setores importantes, mesmo a banca”, insistiu.

Correia e Silva disse ainda que o POSER é um programa “muito bem integrado” nos objetivos do Governo de até 2030 reduzir a pobreza absoluta de 28% para 20% e de eliminar a pobreza extrema.

“Há muita energia neste país, principalmente das mulheres e tem sido uma boa experiência ver nestes projetos hidroagrícolas uma grande maioria de mulheres, e mulheres jovens a fazer grandes apostas e precisamos é juntar todas essas peças, meter mais energia, amplificar os impactos. Temos um campo ainda muito grande de desenvolvimento”, traçou.

O POSER foi financiado em 36,9 milhões de dólares (34,4 milhões de euros) pelo Governo de Cabo Verde, pelo Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (FIDA), pelo Fundo Fiduciário Espanhol e pelos próprios beneficiários, tendo como objetivo a promoção de oportunidades de emprego e rendimentos para a população rural mais vulnerável.

O programa teve três pilares, nomeadamente a capacitação e a formação das populações rurais, sobretudo as mulheres chefes de família e jovens, a aposta em atividades geradoras de rendimento e a facilitação do acesso ao microcrédito.

Através do programa, foram mobilizados mais de 8.200 metros cúbicos de água, criados 55 pontos para a sua distribuição, foi criada a empresa Água de Rega, houve um aumento em 55% na produtividade e renda de agricultores locais e um total de 3.434 chefes de famílias foram empregados em conservação, agricultura, pecuária e pesca.

Contribuição para transição energética e mitigação da emissão de gases de efeito de estufa e reforço na utilização de energia fotovoltaica em áreas rurais para mobilização de água foram outros dos resultados alcançados.

O programa contribuiu ainda para o aumento da segurança hídrica e alimentar, aumento da inclusão social e reforço da resiliência económica, uso mais eficiente e sustentável dos recursos naturais, soluções inovadoras e sustentáveis para a gestão da água na agricultura, melhoria das condições de vida das comunidades rurais, aumento da produção agropecuária e maior utilização de energias renováveis.

A Semana com Lusa

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