“Não vamos estar no boletim de voto. A nossa moção vai ser de apoiar o CNRT e Xanana Gusmão, e os nossos militantes vão fazer campanha e apoiar as listas do CNRT para o próximo parlamento. Não exigimos nada, vamos apenas apresentar uma lista dos quadros válidos que temos e deixamos a Xanana Gusmão selecionar quem quiser”, disse João Gonçalves em declarações à Lusa.
“Não é uma coligação, é um acordo de apoio para caminharmos juntos, debaixo da égide do CNRT. As nossas bandeiras acompanharão as do CNRT na campanha, faremos a nossa campanha com o CNRT”, vincou.
Gonçalves falava em Díli, antes do arranque do Congresso Nacional do Partido Libertação Popular (PLP), onde participam cerca de 300 delegados de todo o país e que decorre sob o lema “igualdade, solidariedade, liberdade”, em defesa do “valor social-democrata” e para “garantir a estabilidade e a unidade nacional para o povo de Timor-Leste”.
“Somos um partido que tem estado em decadência. Estamos cientes de que vai ser difícil podermos caminhar sozinhos nas eleições, e por isso vamos apresentar essa moção ao congresso para ser votado”, disse.
Gonçalves disse que o partido sempre “colocou os interesses nacionais e do povo acima dos interesses do próprio partido” e, na altura atual, considera que é necessária uma “mudança urgente” que permita melhorar o desenvolvimento e economia nacionais.
“Tivemos várias crises e o plano de recuperação económica não foi o adequado. O Governo cometeu agora mais um grave erro ao aumentar os impostos e ao introduzir impostos seletivos em alguns produtos que são de necessidades básicas para o pequeno negócio de muitas famílias, que se dedicam ao fabrico de doces e outros alimentos”, disse.
“Depois de analisarmos tudo isso chegámos à conclusão de que precisamos de uma grande mudança. A ideia de querer a mudança já vem de trás, quando decidimos apoiar a candidatura do Presidente José Ramos-Horta e é no mesmo sentido que agora vamos apoiar Xanana Gusmão. É a pessoa que necessitamos para liderar o próximo Governo para concretizarmos o plano de mudança que pretendemos que o país tenha”, vincou.
Sem falar em qualquer coligação – até porque o CNRT já anunciou que se vai apresentar sozinho a votos – o PSD quer dar o seu apoio para que o partido de Xanana Gusmão consiga a maioria absoluta a que aspira.
“A intenção de irmos apoiar o CNRT é para que o CNRT tenha uma maioria absoluta no parlamento. Para a mudança que é necessária fazer, isto é altamente necessário. As experiências anteriores de coligações, só uma funcionou bem, foi a do IV Governo, da qual o PSD fazia parte, com cinco membros do Governo”, afirmou.
“Penso que foi o melhor Governo que Timor-Leste já teve até hoje, Consegui a redução da pobreza, crescimento económico muito positivo e várias iniciativas que contribuíram para resolver a crise de 2006, e depois começar a preparar a fundação para o desenvolvimento económico que vieram a acontecer”, sublinhou.
Em termos de agenda, João Gonçalves vinca a importância de debater menos a história do país e mais o futuro, que caminhos são necessários para o país crescer.
“Timor-Leste precisa de se desenvolver. Somos um país rico com gente pobre. Temos que eliminar essa pobreza, temos que criar emprego, crescimento económico. Não é a distribuir cestas básicas que vamos incentivar o desenvolvimento económico no país”, afirmou.
Criado em setembro de 2000, o PSD reuniu figuras timorenses como o ex-governador Mário Carrascalão, o atual secretário executivo da CPLP, Zacarias da Costa, Leandro Isaac e o comandante Riak Leman.
Nas eleições para a Assembleia Constituinte, em 2001, elegeu seis dos 88 membros, sendo a terceira força mais votada.
Em 2007 apresentou-se em coligação com o ASDT, obtendo 15,75% dos votos, e mantendo-se como terceira força no Parlamento, e em 2012, quando se candidatou sozinho, ficou-se pelos 2,15%, abaixo do mínimo de 3% que era então necessário para eleger deputados.
Nas eleições de 2017 o apoio recuou ainda mais, para menos de 1% dos votos, com esse apoio a ficar ainda mais pequeno nas eleições antecipadas de 2018.
Nessas últimas legislativas, o PSD fez parte de uma coligação a quatro partidos, o Movimento Social Democrata (MSD), que integrou ainda o Partido Socialista de Timor (PST), o Centro Ação Social Democrata Timorense (CASDT) e o Partido Democrata Cristão (PDC).
A coligação foi a menos votada entre os oito partidos e coligações que se apresentaram, obtendo apenas 3.188 votos, ou 0,5% dos votos válidos.
A Semana com Lusa