A rara recuperação do quadro — dado que segundo os peritos isso só acontece em 10 por cento dos roubos — deve-se ao investigador de arte roubada Arthur Brand (nas fotos , com algumas das obras roubadas que recuperou desde 2015).
O alcunhado ’Indiana Jones da arte’ tem sido objeto de admiração: em 2015 recuperou os “Cavalos de Hitler”, duas estátuas de bronze pelo escultor nazi Joseph Thorak, em 2018 conseguiu recuperar um ‘São Marcos’ em mosaico roubado duma igreja cipriota nos anos de 1970, em 2019 recuperou um ’Picasso’ de 25 ME roubado em 1999 em iate de saudita em França.
Foi no dia do 167º aniversário natalício de Vincent Van Gogh que a obra ’Lentetuin/Jardim do Presbitério de Nuenen na Primavera’, de 1884, foi levada por assaltantes que após quebrar a porta envidraçada, forçando assim a entrada na noite de domingo para segunda-feira, saíram com a tela.
Em 30 de março de 2020, em frente ao museu fechado — localizado a uns trinta quilómetros de Amsterdão, a capital económica dos Países-Baixos —, o seu diretor-geral, Evert van Os, em conferência de imprensa, confirmou que a tela lhes fora emprestada pelo Museu de Groningue, no âmbito duma exposição temática.
"Estou em choque e sinto-me indignado ao máximo. A arte existe para ser vista, ser apreciada, para inspirar e trazer conforto, em particular nos tempos difíceis que estamos a viver", reagiu por videoconferência outro dos diretores, Jan Rudolph de Lorm.
Van Goghs de milhões ...depois do roubo preços caem
As pinturas de Vincent Van Gogh têm sido um alvo preferido de ladrões: contam-se trinta e quatro roubos desde 1975, apesar de cair o valor de mercado das obras roubadas.
A regra geral é jamais serm recuperadas. A única exceção a essa regra — além desta excecional recuperação do Lentetuin — deu-se em 1991 no Museu Van Gogh de Amsterdão, com "o raríssimo caso" de 20 quadros roubados e recuperados "em poucas horas num carro abandonado", segundo a curadora.
Estudos sugerem que são roubos encomendados, pois que os ladrões de arte sabem da dificuldade em vender as obras, dada a sua fama. Quem encomenda o roubo sabe disso e não será pois o lucro que o move. Dado o princípio de que a "obra existe para ser vista", é de supor que seja o amor à arte levado ao extremo do egoísmo. Um Van Gogh escondido que só o dono do roubo vê.
Início tardio, febril atividade e malícia de rival
Em pouco mais de seis anos (excetuando desenhos de 1874), Van Gogh pintou duas mil e cem telas.
Curiosa é a odisseia em torno da tela Pôr do Sol pintada em 1889 em Arles, que só lhe foi atribuída o ano passado, por um trio de peritos com base em análise estilística e referências nas centenas de cartas que Vincent dirigiu ao irmão Theo.
Esta pintura que em 1908 o industrial norueguês Christian Mustad comprou sob aconselhamento do historiador de arte Jens Thiis, e diretor do Museu de Oslo, foi maliciosamente classificada como falsa pelo também industrial Pellerin, tido como grande colecionador e conhecedor. Mustad atirou-a para um sótão.
Fontes: Telegraaf.nl/Crítico-literárias de arte. Relacionado: Tela de Van Gogh roubada de museu fechado devido à Covid, 26.jan.022; Tela de Van Gogh roubada de museu fechado devido ao coronavírus, 03.abril.2020; Picasso’ de 25 ME roubado em 1999 em iate de saudita em França encontra-o ’Indiana Jones da arte’ na Holanda, 27.mar.019; Incrível mercado da arte alvo de vandalismo por ativistas financiados por herdeira Getty, 25.out.022. Fotos (Getty): Obra ainda académica, Lentetuin, de cores sombrias e finalizada em 1884, corresponde à fase juvenil do pintor holandês nascido em 1853. Da fase expressionista, com febril produção em 1889-90, destaca-se a última pintura em que Vincent Van Gogh trabalhou no seu último dia.