Esta manifestação foi feita pelos parceiros Nações Unidas e EUA na cerimónia de abertura da formação especializada em recolha e partilha de informações financeiras, com ferramentas da Interpol, que hoje iniciou na cidade da Praia e contou com a participação de 40 representantes de instituições que intervêm neste domínio.
A coordenadora residente do Sistema das Nações Unidas, Patrícia Portela de Souza, considerou de “extrema relevância” para o País e a comunidade internacional esta formação que decorre no âmbito da parceria entre o Escritório das Nações Unidas Sobre Drogas e Crimes (ONUDC) e da Interpol através do projecto de Investigação Criminal em Cabo Verde, visando combater o tráfico de drogas e o crime organizado, financiado pelo departamento dos Estados Unidos da América.
“A agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável sobre esta temática é concretizada através da ODS 16, o qual prevê a redução significativa dos fluxos financeiros e de armas ilícitas, além de reforçar a recuperação e devolução de bens roubadas e combater todas as formas do crime organizado”, disse, afirmando que a redução dos fluxos ilícitos é uma das áreas prioritárias para a construção de sociedades mais justas e pacíficas em todo o mundo.
Patrícia Portela de Souza que lembrou que o mundo vive um momento “muito difícil”, ressaltou a necessidade de se construir pontes e trabalhar pela paz, e realçou, por outro lado, que a “globalização que nos uniu em muitas dimensões infelizmente está contribuindo para facilitar a actuação criminosa”.
Face a essa afirmação, assegurou que o contexto da pandemia fez emergir novos desafios na prevenção a crimes exigindo atenção redobrada das entidades fiscalizadoras face à mudança do comportamento criminoso que encontrou novas formas de agir.
“Neste contexto aumenta a importância da cooperação internacional e do intercâmbio de experiência e boas práticas em matéria de justiça criminal e da prevenção do crime”, disse, realçando a experiência centenária da Interpol que facilita a cooperação policial mundial e o controlo do crime.
Sublinhou ainda que, com esta formação, Cabo Verde está a dar um passo importante no combate à criminalidade económica e financeira, e que os conhecimentos da técnica e ferramentas da Interpol fortalecerão o desenvolvimento profissional dos formandos.
Já o embaixador dos Estados Unidos da América, Jeff Daigle, considerou a formação como um passo importante na parceria entre os EUA, Cabo Verde e a ONUDC no combate ao crime financeiro internacional.
“É importante para a nossa segurança colectiva sermos capazes de abordar o financiamento ilícito, que é utilizado para apoiar o tráfico de drogas ou actividades terroristas. Por isso, os Estados Unidos disponibilizaram um milhão de dólares para este programa, em parceria com a ONUDC”, indicou.
Jeff Daigle, que afirmou estar confiante de que os parceiros estão a atingir os seus objectivos em melhorar a capacidade das agências de justiça criminal na investigação de crimes financeiros, implementação de melhores práticas internacionais e a reforçar a cooperação com a Interpol, disse ainda que a equipa da embaixada dos EUA está “impressionada com o elevado nível de compromisso e excelente profissionalismo”.
“A embaixada, a ONUDC e os participantes aqui presentes fizeram muito, ao longo dos últimos anos, para melhorar as leis de Cabo Verde e a capacidade de investigar crimes financeiros. Mas ainda há mais trabalho a fazer”, assegurou lembrando que, assim como os criminosos se adaptam, os países devem também se adaptar para enfrentar os desafios do futuro.
A formação especializada em recolha e partilha de informações financeiras acontece no âmbito da implementação em Cabo Verde do projecto CRIMJUST pelo ONUDC é financiado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos da América e tem como objectivo reforçar as respostas da justiça penal ao tráfico ilícito e ao crime organizado transnacional.
A Semana com Inforpress