A Ucrânia aceita a exigência russa de não entrar na NATO. Também aceita a proposta russa de vir a referendar-se futuramente a situação na Crimeia.
Em troca, o Kremlin retira as suas tropas, que tanta destruição fizeram nestes trita e tal dias da invasão russa, iniciada a 24 do mês passado.
A neutralidade ucraniana em troca da retirada russa é o resultado das negociações iniciadas na segunda-feira em Istanbul, sob mediação turca.
A Europa rejubila: o primeiro foi o presidente Emmanuel Macron, que no próximo dia 10 busca um segundo mandato no Eliseu. O presidente do centro "exorbitando" da esfera socialista" tem estado muito ativo na questão ucraniana, que mobiliza a opinião francesa (Protocolo anti-Covid põe Putin à distância de 6 m de Macron que recusou PCR "para evitar fornecer ADN", 13.fev.022).
De Paris a Moscovo e a Kiev, a tentativa de intermediação de Emmanuel Macron no conflito foi notável (Macron em Moscovo para "evitar a guerra" russo-ucraniana — "Europa tem de saber que essa guerra não tem vencedores", avisa Putin, 08.fev.022).
Paz?
Erdogan canta vitória enquanto o governo do Estado de Israel também afirma que é mediador e vitorioso nesse papel — talvez inacurada e precocemente.
A paz vai voltar ou será mais uma vitória pírrica (de curta duração e seguida de guerra pior)? Muitos são os observadores que apontam que esta negociação ainda não é garantia firme de que a neutralidade ucraniana será de imediato seguida da retirada russa. A experiência de acordos rasgados é bem recente: Rússia violou cessar-fogo em Mariupol — Milhares impedidos de sair para países de refúgio, 05.mar.02 .
Fica no ar a hipótese de que esta "paz" a curto ou médio prazo tanto pode sê-lo quanto poder só uma miragem. Mais uma, como outras ao longo destas quase cinco semanas em que os olhos do mundo estão a seguir o que acontece a leste.
Fontes: Reuters/AFP/Japan Times/BBC/... Fotos (Getty/AFP):