O diretor do Serviço de Infecciologia do Hospital de Santa Maria explicou que tudo começou na quarta-feira 26, com um recém-nascido internado no serviço de Neonatologia a apresentar uma conjuntivite cuja análise indicou a presença da bactéria Klebsiella pneumoniae. Esta variante apresenta uma forma de resistência aos antibióticos, mesmo ao potente carbapenemos.
A existência de um caso obrigou a estudar todos os outros bebés naquela unidade. A descoberta foi que quase todos tinham a bactéria, que é muito frequente em meio hospitalar.
O referido diretor esclarece ainda que o encerramento do serviço de Neonatologia, para prematuros, estava previsto antes mesmo do surto da bactéria ’Klebsiella pneumoniae’ que contaminou quinze bebés prematuros e fez acionar um plano de transferência para outras unidades hospitalares das grávidas em situação de risco de prematuridade.
O encerramento do Serviço de Obstetrícia e Ginecologia, que vai entrar em obras, é — , esclarece o especialista ao online Observador — acompanhado pelo encerramento do Serviço de Neonatologia, este surto apenas antecipou a situação.
Associada a infeções hospitalares, a bactéria "gram-negativa, encapsulada, anaeróbia facultativa em forma de bastonete" da Família das enterobactérias é o mais importante membro do Género Klebsiella, descrito no século XIX pelo bacteriologista alemão Edwin Klebs.
Apesar da segunda parte do nome indicar que a bactéria pode causar pneumonia, a realidade é que é mais comum afetar o aparelho urinário e feridas, em particular em doentes imunologicamente deprimidos, como portadores do vírus HIV/Sida.
Expansão na Europa
A Klebsiella pneumoniae está em crescimento na Europa, segundo um estudo de 2018 em Portugal.
Variados tipos de infecções graves têm vindo a ser detetados em ambiente hospitalar e destaca-se a dificuldade de tratamento, pelo facto desta bactéria ser resistente a vários antibióticos, propagando-se facilmente e provocando surtos.
O aumento da infeção por esta bactéria deve-se "ao uso elevado de antibióticos, à livre circulação de pessoas que podem ser transportadoras dessas bactérias e também por haver alguma quebra das medidas básicas de controlo da infeção".
Prevenção. Para evitar a disseminação de infeções por Klebsiella entre pacientes, a OMS recomenda ao pessoal de saúde "seguir as precauções específicas de controlo de infeção", entre elas a "estrita adesão à higiene das mãos (de preferência usando uma fricção à mão à base de álcool (60–90%) ou sabão e água se as mãos estiverem visivelmente sujas. A vacina é outra opção".
Resposta procura-se para a pergunta: Qual o risco para Cabo Verde?
O mapa mundial mostra uma clara prevalência da bactéria nos Estados Unidos e em países europeus, não obstante se apontar a Ásia como área da sua expansão ou mesmo de origem.
A Klebsiella pneumoniae é, ainda, apontada como a mais comum das causas de pneumonia adquirida em ambiente hospitalar nos EUA segundo estudos publicados no site pnas.org (cuja credibilidade é atestada por autores que declaram ser independentes da ‘Big Parma’).
Fontes: Observador.pt/RTP.pt/Britannica.org/WHO.org/Pnas.org. Relacionado:
Portugal: Bactéria multirresistente encerra Neonatalogia — 15 bebés testam positivo, 1 morte suspeita, 28,jul.023.