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Portugal: Acusadoras de Boaventura Sousa Santos "inibidas" de denunciar ao Conselho de Ética porque esposa do suspeito é membro 23 Abril 2023

As investigadoras que acusaram Boaventura Sousa Santos de assédio sexual e moral sentiram-se inibidas e não denunciaram os casos à comissão de ética do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra porque a esposa do acusado é membro dessa comissão, alegam.

Portugal: Acusadoras de Boaventura Sousa Santos

Boaventura de Sousa Santos, de 82 anos, diretor do CES-Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra, renomado cientista social, figura respeitada na academia, está no centro do maior turbilhão luso relacionado com o movimento #MeToo.

A brasileira Bella Gonçalves, atual deputada estadual em Minas Gerais, identificou-se como uma das alegadas vítimas de Boaventura de Sousa Santos mencionadas no artigo. Os factos terão ocorrido em 2013 e 2014. Em entrevista à Agência Pública, Gonçalves afirmou: "Boaventura já era conhecido por condutas abusivas. Humilhava estudantes em público, xingava pesquisadoras, tinha posturas impróprias nas festas. Mas era diretor do centro académico. Eu sabia que nada aconteceria com ele".

A ativista indígena argentina Moira Millán contou num programa de rádio argentino um episódio de assédio a que foi sujeita, em 2010, pelo sociólogo Boaventura de Sousa Santos, recentemente acusado de condutas de assédio moral e sexual. Em junho de 2022, durante um encontro de mulheres indígenas no México, voltou a falar sobre o assunto.

A denúncia de assédio sexual e moral, que atraiu a atenção desde a semana passada, começou num trabalho académico publicado em Londres por três ex-alunas.

As investigadoras Lieselotte Viaene, Catarina Laranjeiro e Miye Nadya Tom são autoras de uma publicação que está a abalar o meio académico. Apesar de as três não revelarem nomes, a ‘teia’ centrada no "Professor Estrela" começou a ser associada a Boaventura Sousa Santos, ex-diretor do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra.

No capítulo The walls spoke when no one else would/As paredes falaram quando ninguém mais o faria — que integra o livro Sexual Misconduct in Academia/Condutas sexuais impróprias na Academia —, as três investigadoras apontam três figuras centrais: o Professor Estrela, o Aprendiz e a Vigilante.

Boaventura Sousa Santos, reputado sociólogo e professor universitário, será o chamado "Professor Estrela"; o professor e co-coordenador de doutoramento Bruno Sena Martins, o "Aprendiz". Contactado pelo Diário de Notícias, Boaventura Sousa Santos reconheceu-se na descrição das antigas alunas, mas negou todas as acusações. O mesmo disse Bruno Sena Martins à revista Sábado.

O professor catedrático e sociólogo diz estar a ser alvo de uma "difamação anónima, vergonhosa e vil". Acrescenta que vai avançar com uma queixa-crime contra as autoras do artigo.

Em comunicado publicado na página do CES, a direção reconhece que "não mencionando nomes, o capítulo faz alegações sobre condutas anti-éticas no âmbito do CES".

"Estando o CES comprometido com o tratamento diligente deste tipo de ocorrências, decidiu averiguar a fundamentação das alegações produzidas no capítulo supra-mencionado. Nesta medida, o CES irá constituir num curto prazo uma comissão independente à qual caberá a identificação de eventuais falhas institucionais e a averiguação da ocorrência das eventuais condutas anti-éticas referidas naquele capítulo", informa.

Fontes: RTP/SIC/DN/Globo... Relacionado: #MeToo# em Coimbra: Boaventura Sousa Santos nega assédio denunciado em trabalho académico, 14.abr.023. Fotos, com legendas.

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