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Portugal: Associação Cabo-verdiana de Sines adaptou-se às mudanças do ciclo migratório nos seus 40 anos de existência – presidente 11 Mar�o 2023

Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago do Cacém completou hoje 40 anos de existência, apontando como “um dos grandes desafios” o de saber adaptar-se às mudanças do ciclo migratório, ganhando “maior dinâmica e maturidade” ao longo dos anos.

Portugal: Associação Cabo-verdiana de Sines adaptou-se às mudanças do ciclo migratório nos seus 40 anos de existência – presidente

Em declarações à Inforpress, em Lisboa, a presidente da Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago do Cacém, Gracinda Luz, disse que foram 40 anos de uma história “repleta de desafios”, de trabalho comunitário, de integração das comunidades imigrantes, demonstrando que é possível prestar um serviço de qualidade mesmo com voluntariado, e actualmente apresenta modelos de boas práticas de integração em vários níveis.

“O trabalho da associação foi ganhando maior dinâmica e maturidade ao longo dos anos, o que permitiu adaptar-se às mudanças do ciclo migratório e crescer cada vez mais para dar melhor resposta aos imigrantes e descendentes que procuram os seus serviços ou dos que participam nas suas actividades, sejam elas de carácter social, intercultural, migratório, emprego ou formação”, frisou, lembrando que foram feitas parcerias fundamentais para o seu crescimento associativo, permitindo assim alcançar a sua missão.

Segundo Gracinda Luz, nascida em Portugal e filha de cabo-verdianos das ilhas de São Nicolau e do Sal, a Associação passou por várias fases, sendo que nos primeiros anos de existência o trabalho era apenas virado para a pequena comunidade cabo-verdiana recém-chegada, no qual sentiam a necessidade de se sentirem unidos e próximos, através do convívio, de jogos, de tocatinas, isto porque nos anos de 1980 era difícil contactar com a família que tinha ficado em Cabo Verde, e assim “juntos minimizavam a dor da ‘sodade’”.

Mas em 1996, conforme ela, o impulsionador João Doroteia, antigo presidente, e “figura muito acarinhada tanto pela comunidade como para os da terra Sines”, conseguiu reunir um grupo de elementos com “imenso potencial”, envolvendo jovens na altura, tal como ela, com 16 anos, liderando um grupo que “veio dar uma maior dinâmica à associação”.

“Aqui sucedeu o primeiro grande desafio da instituição, que passou pela criação de um serviço de apoio ao imigrante, estabelecendo parcerias com o SEF [Serviço de Estrangeiros e Fronteiras], os serviços consulares de Cabo Verde e entidades locais, permitindo deste modo dar as respostas necessárias a toda a comunidade cabo-verdiana desta região”, apontou.

Conforme a presidente da associação que é formada em Ciências Sociais, foi um trabalho “exaustivo” de regularização e de trabalho de terreno, por isso, durante os anos seguintes a Associação Cabo-verdiana de Sines e Santiago do Cacém recebeu várias visitas diplomáticas em “reconhecimento do trabalho realizado”.

Nos anos 2000 criou um grupo de dança, “Doçuras e Morabeza”, que durante cerca de 12 anos “espalhou a cultura cabo-verdiana de Norte a Sul de Portugal” através de jovens descendentes, sendo que alguns destes hoje fazem parte do quadro técnico da associação.

“Este desafio de aproximar os jovens para o associativismo passou a ser um objectivo primordial, fomentando assim a partilha de saberes e o contributo associativo intergeracional”, frisou, indicando que em 2003, com a alteração e crescimento do fluxo migratório em Portugal e a erradicação de várias outras comunidades em Sines, a associação teve um outro projecto.

A associação implementou um Centro Local de Apoio à Integração de Migrantes (CLAIM), um dos dez primeiros em Portugal, um serviço promovido pelo Alto Comissário para as Migrações (ACM), e passou a acolher e dar respostas a todos os imigrantes que chegavam a esta região, e a partir desse ano a associação passou a ser uma “referência para todos imigrantes”.

“Após a enorme perda do nosso líder [João Doroteia], e em sua homenagem, a associação deu continuidade ao seu trabalho, criou novos projectos desafiadores e em 2015 conseguiu construir a sua sede de raiz, talvez a única de uma associação cabo-verdiana na diáspora”, referiu.

A sede tem uma área de 516.94 metros quadrados, organizada em sete espaços, sala de atendimento, sala de estudo, sala de direcção, sala de formação, mediateca, uma zona de cafetaria e um salão polivalente, conquista que na opinião de Gracinda Luz trouxe novos desafios e actualmente tem cerca de dez projectos em Portugal e em Cabo Verde, e cerca de 3000 utentes, de mais de 50 nacionalidades.

A Semana com Inforpress

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