A cabo-verdiana residente nos Estados Unidos da América (EUA) fez essa afirmação durante a apresentação da sua obra, que esteve a cargo de Sandra Isabel Correia e Patrícia Matos, em evento que aconteceu no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV), em Lisboa.

“O abuso sexual de criança é um tema que ninguém quer falar, porque é muito doloroso e triste. Fui vítima de violência sexual quando criança, por parte de um familiar que devia proteger-me”, contou, considerando que a maioria dos adultos “não sabe como ou não quer ajudar”.

Segundo Rosilda James, como “sobrevivente da violência sexual”, o livro que hoje apresenta na capital portuguesa é uma forma que ajudar as crianças e vítimas, já que não deseja essa realidade a nenhuma criança.

“É preciso entender a responsabilidade de defender as nossas crianças (…). Quando a violência sexual existe, a criança fica traumatizada e não consegue fazer o que uma pessoa na sua idade faz, como brincar e ser feliz”, ressaltou.

Sobre a obra “O jardim dos segredos”, as apresentadoras Isabel Correia e Patrícia Matos em sublinhar o que a autora descreveu no livro, de que o silêncio é o que as famílias e as vítimas usam para se protegerem, mas que esse mesmo silêncio causa danos.

As duas frisaram que não só a cultura faz com que a violência sexual aconteça, mas que também o facto de a mulher estar “muito dependente” do homem, motivo para se pensar no empoderamento das meninas para evitar essa dependência.

A caboverdiana Rosilda de Pina James é natural da ilha do Fogo, vive nos Estados Unidos desde os 10 anos de idade e é educadora, psicóloga clínica e socióloga, licenciada pela Bridgewater State University.

Após mudar-se do Massachusetts para a Califórnia, fez um mestrado em “Casamento e Terapia Familiar” e doutorou-se em Psicologia Clínica, sendo actualmente consultora psiquiátrica em cuidados hospitalares, além de tratar casais, adultos e famílias na sua clínica privada.

Sobrevivente de abuso sexual enquanto criança, Rosilda James tem se dedicado profissionalmente ao combate a esse flagelo, tendo já publicado livros relacionados sobre o tema.

Uma parte da receita da venda do livro, que já foi apresentado em Cabo Verde, será revertida à Associação Caboverdiana de Luta Contra Violência Baseada no Género (ACLCVBG).

A Semana com Inforpress