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Portugal: Cabo-verdiana quer contribuir para afirmação da mulher artista africana no mundo da arte contemporânea 30 Abril 2023

A artista ceramista e escultora caboverdiana, Jacira da Conceição, disse esre sábado, 29, que quer contribuir para a afirmação da mulher artista africana na arte contemporânea, com a sua arte que explora questões de identidade, raça, beleza, insularidade e feminismo.

Portugal: Cabo-verdiana quer contribuir para afirmação da mulher artista africana no mundo da arte contemporânea

Esta é a mensagem que Jacira da Conceição, natural do Tarrafal de Santiago e residente em Portugal, quis expressar com a exposição “Tchom Bom”, inaugurada este sábdo, no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) em Lisboa, um projecto multicultural de investigação artística, com interesse em torno da cerâmica, do cinema e das relações entre o tradicional e o contemporâneo.

“A minha arte explora questões de identidade, raça, beleza, insularidade e feminismo, incorporando materiais e formas tradicionalmente associadas à arte cabo-verdiana. Procuro deste modo contribuir para a afirmação da mulher artista africana no mundo da arte contemporânea”, indicou.

Para a ceramista, as esculturas da série “Tchom Bom” lembram a forma humana, geralmente seguindo as curvas da coluna, ventre, cintura, cabeça ou cabelo, assim como, e sobretudo, a sua forma de expressão é simbólica do corpo feminino, expressando que no conjunto de esculturas que apresenta “habita uma multiplicidade de espíritos”.

“As suas bocas elevadas em direcção ao céu, propõem um contacto com o indelével, com o abstracto, com mulheres do passado, que tal como eu lutaram para afirmarem a sua visão do mundo, lutaram para se libertarem, para não serem apenas naufragas de uma vida condenada ao nada imposto pela serventia”, frisou, exemplificando mulheres como Françoise Ega, Carolina de Jesus, Nácia Gomi e a sua avó Agostinha Borges.

Na sua opinião, todas elas utilizaram a palavra escrita e dita, como forma de expressar as suas ideias e o seu mundo, ao contrário dela que utiliza o barro e o silêncio, explicando que as obras da exposição representam a sua interpretação da mulher, da sua figura enquanto humana.

“Através do gesto, da fragilidade e do próprio corpo, também ele território de muitas batalhas, eu me reinvento em silêncio. Não é por acaso que algumas esculturas têm duas ou três bocas e formas irregulares, são como silhuetas de corpos, num abraço de unidade esperando a chuva. Elas dançam, batucam, amam, vivem, são mulheres, são livres”, sustentou.

A exposição “Tchom Bom”, que a artista dedica à avó, falecida há pouco tempo, resulta do projecto com o mesmo nome, co-financiado pela Bolsa de Apoio à Criação Artística, da Fundação Calouste Gulbenkian e pelo Ministério da Cultura e Indústrias Criativas, em parceria institucional com a Direcção Nacional das Artes e das Indústrias Criativas e a Câmara Municipal do Tarrafal.

O projecto abarca várias componentes artísticas, com foco na cerâmica e no audiovisual, mostrando a interdisciplinaridade do trabalho de pesquisa de Jacira da Conceição e do seu companheiro, Pedro da Conceição, que é realizador, feitos em Portugal e em Cabo Verde.

Jacira da Conceição iniciou a sua actividade como escultora na relação que estabeleceu com a comunidade de oleiras da localidade de Trás os Montes, também no Tarrafal, e agora a viver em Portugal com a família, em Montemor-o-Novo, tem o seu ateliê a partir do qual recebe vários convites para exposições.

Tem trabalhado e criado esculturas e outras peças para várias entidades cabo-verdianas, como a Embaixada de Cabo Verde em Portugal, o Ministério da Cultura e das Indústrias Criativas, mas também o Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal, o Museu Nacional de Arte Contemporânea, entre outras.

A Semana com Inforpress

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