Mónica Silva saiu de casa para ir ao café habitual mas levou as ecografias da gravidez. Ligou pouco depois ao filho a dizer que estava a regressar, mas nunca mais chegou a casa.
No dia seguinte, uma quinta-feira, a família participou o desaparecimento junto da GNR que realizou buscas sem sucesso. O caso passou para a alçada da PJ, que na quinta-feira anunciou ter detido o ex-namorado suspeito de homicídio, aborto e ocultação de cadáver.
A mãe, a irmã gémea, a tia que, desde a noite dessa quarta-feira 3, ligaram para o telemóvel — "que dava sempre desligado, que não é costume" dessa mãe "supercuidadosa "— apontaram logo como o principal suspeito no desaparecimento o Fernando, que estaria a pressionar Mónica Silva, de 33 anos, para fazer um aborto.
Estas familiares expressaram que se a filha, irmã, sobrinha tivesse intenção de não voltar a casa nessa noite teria pedido à mãe "que mora perto" para ficar com os filhos. Além disso, avançaram que Mónica ligara ao filho de catorze anos para dizer que estava a regressar a casa.
"Que ele me traga a minha filha", apelou a mãe dela convicta de que Fernando sabe onde está Mónica.
"Que a traga, que se não estiver viva traga o corpo à família", reiterou a tia dias depois. Até esta sexta-feira 17-11 continua desaparecida.
Entretanto, as autoridades — descartado o ex-marido de Mónica e pai dos filhos, que vive no estrangeiro — interrogaram dois possíveis responsáveis pela terceira gravidez da desaparecida.
Um "o namorado", o outro "o namoradito" — segundo os descreve a gémea de Mónica, que revelou a incerteza desta sobre a paternidade — foram abordados pela comunicação social, só Fernando falou à SIC .
"Pela matemática, não sou o pai", ouve-se na gravação que Fernando V aceitou fazer para a SIC. Afirmou ter tido "só um encontro íntimo" com Mónica, em janeiro.
Segundo ele, depois desse único "encontro com intimidade", "sem proteção", o seu relacionamento só continuou à distância, "pelas redes sociais".
"Mente tanto, deve é ser doente da cabeça". Esta a reação da mãe da desaparecida. "Não sei como ele mente tanto, esse homem que a levava ao apartamento dele na Torreira, que a ia buscar todos os dias ao trabalho, que saía com ela sempre no carro... Ele deve é ser doente da cabeça", disse a mãe da Mónica en entrevistas televisivas.
O aparato da investigação da polícia judiciária, acompanhado de transmissão televisiva em direto, mostrou-se na quarta-feira em buscas junto de diversos imóveis e outros bens móveis (nas fotos) pertencentes ao suspeito e à família.
Não só foram vasculhados os bens — o apartamento em Torreira, a vivenda dos pais, um estabelecimento comercial (florista) gerido pela mãe, veículos desde carrinhas a um jipe, uma herdade (propriedade agrícola) em Cuba, Alentejo — mas ocorreu também a detenção da mãe de Fernando (foto ao alto, à esquerda) que viria depois a ser mandada para casa.
Foi na herdade alentejana, a uns quatrocentos quilómetros da Murtosa, que a PJ terá encontrado, entre outras provas incriminatórias, indícios de ecografias queimadas, avançou uma fonte anónima à CMTV.
Ontem, foi em conferência de imprensa anunciada a detenção do principal suspeito.
Pais do suspeito garantem que ele não saiu de casa na noite do desaparecimento
“Podemos chegar à conclusão, que é crime de homicídio”, foi hoje (sexta, 17) dito na audiência ao "suspeito de 38 [[ou 39] anos que é natural da Murtosa", mas que foi ouvido na comarca distrital, "o Tribunal de Aveiro, alegadamente por razões de segurança".
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Fontes: Jornal de Notícias/SIC/TVI. Fotos: O desaparecimento, mais que um fait-divers acontece num contexto económico-social em mudança. A piscatória Murtosa beneficiou do grande impulso que no pós-1986 articulou a indústria e a inovação científica universitária trazida ao distrito de Aveiro nos anos da governação AD, uma espécie de geringonça à direita. (Testemuho pessoal de MLL, estudante da UL e investigadora, desde os 19 anos neste e outros pontos de Portugal)