Entre os convidados avultam o presidente Marcelo, o rei Felipe VI, ...Chegaram à Brasília trinta delegações lideradas por chefes de Estado e de Governo, todos os PALOP.
Mais dois-terços que na posse do presidente Bolsonaro. E o número é também o maior desde 2003, ano da 1ª presidência de Lula vencedor na quarta vez que se candidatava (será um recorde mundial?).
Os bolsonaristas focam-se no grande número de representantes de países latino-americanos e africanos, para expelir ditos de ódio. Um ódio anunciado com as reações ao sinal que Lula deu ao surgir em 17-11 na foto em Lisboa com Marcelo e Nyusi.
Lula vai "governar mais para pobres"
"Desigualdade entre a criança que frequenta a melhor escola particular, e a criança que engraxa sapato na rodoviária, sem escola e sem futuro. Entre a criança feliz com o brinquedo que acabou de ganhar de presente, e a criança que chora de fome na noite de Natal", disse.
"É inadmissível que os 5% mais ricos deste país detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%. Que seis bilionários brasileiros tenham uma riqueza equivalente ao patrimônio dos 100 milhões mais pobres do país."
O discurso do presidente na posse também teve tom pacificador, em que Lula pregou a união do país após a divisão da disputa eleitoral.
"Se estamos aqui é graças à consciência política da sociedade brasileira e à frente democrática que formamos. Foi a democracia a grande vitoriosa, superando a maior mobilização de recursos públicos e privados que já se viu, as mais violentas ameaças à liberdade do voto", afirmou no início do seu primeiro discurso na qualidade de Presidente da República Federativa do Brasil.
Convidou Sócrates seu afim
O "convite expresso" de Lula ao ex-ministro José Sócrates suscitou reações adversas em toda a web-esfera bolsonarista. Muito virulenta e crua — sem surpresa, pois no que toca ao Brasil.
Mais subtil e estilizada mas igualmente cruel foi a "estranheza" da reação dominante na imprensa portuguesa mais à direita. O editorial de Ricardo Costa, irmão do primeiro-ministro, elabrorando sobre "a razão para tão estranho convite" expressa que esta "é a confirmação de que o Presidente brasileiro nunca deixará cair o seu amigo José Sócrates e que cauciona a ideia de que os dois foram vítimas de processos judiciais com motivações políticas".
Recorde-se que Sócrates fica para a história como o primeiro (ex-)primeiro-ministro a ser detido. A motivação política da ’Operação Marquês’ tem sido comparada à do processo de Lula e, sem surpresa, Sócrates condenou a atuação do juiz brasileiro responsável pela prisão do ex-presidente (Portugal-Brasil: Sócrates "criminoso" diz "falso juiz, ativista político" Sérgio Moro — Troca de farpas, 25.abr.019).
Foi em novembro de 2014 que as televisões mostraram o direto da detenção do ex-primeiro-ministro ao desembarcar no aeroporto de Lisboa vindo de Paris. Oito anos passados, conclui-se que o processo se desenvolve como no célebre romance de Kafka. Ou seja, 180 (!) dos crimes que lhe eram imputados cairam (Operação Marquês: Ex-PM Sócrates vai responder só por 3 dos mais 180 crimes iniciais, 09.abr.021).
Tanto Sócrates como Lula sempre proclamaram a defesa mútua da inocência um do outro (Portugal: José Sócrates saúda libertação de ex-PR Lula como "reentrada no mundo", 17.nov.019). Ambos esquerdistas, continuam a ter inimigos figadais nos círculos políticos ideologicamente mais à esquerda (Presidencial em Portugal: Sócrates contra (...) "maledicência" de Ana Gomes, 18. jan.021).
Esperança
A "nossa mensagem ao Brasil é de esperança e reconstrução. O grande edifício de direitos, de soberania e de desenvolvimento que esta nação levantou vinha sendo sistematicamente demolido nos anos recentes. É para reerguer este edifício que vamos dirigir todos os nossos esforços", discursou o presidente Lula ao inaugurar o seu terceiro mandato, onze anos depois de terminar o segundo.
O governante lembrou que em 2002, quando venceu a primeira eleição presidencial, ele e os seus apoiantes diziam que a esperança tinha vencido o medo, no sentido de superar os temores diante da inédita eleição de um representante da classe trabalhadora.
E "ficou demonstrado que um representante da classe trabalhadora podia, sim, dialogar com a sociedade para promover o crescimento económico de forma sustentável e em benefício de todos, especialmente dos mais necessitados", recordou.