Marcelo Rebelo de Sousa fez essa afirmação ao apresentar a obra “Escritos ucranianos”, de Jorge Carlos Fonseca, que aconteceu no Centro Cultural de Cabo Verde (CCCV) e que teve também como apresentador o crítico literário e poeta cabo-verdiano José Eduardo Cunha.

“O grande encanto de Jorge Carlos Fonseca é a sua total liberdade (…). É muito inteligente e culto, conhece muito bem a cultura portuguesa, assim como a cabo-verdiana e traz isso para os seus livros. Escreve morosamente e é um grande escritor da língua portuguesa”, disse.

Segundo Marcelo Rebelo de Sousa, nesse seu livro “Escritos ucranianos”, Jorge Carlos Fonseca fala de um “Cabo Verde afectivo, ou seja, que ele tem um “mapa afectivo de Cabo Verde”, lembrando que quando começou a ler a obra percebeu que o autor teve “muita indignação e ficou perturbado por um instante”, com a invasão da Ucrânia pela Rússia.

“Essa obra é uma literatura de intervenção do princípio ao fim”, considerou o Presidente da República de Portugal, sustentando que o livro “é um contributo corajoso” , tendo em conta onde foi escrito, ou seja, em Cabo Verde, que é africano e universal.

Por sua vez, o apresentador José Eduardo Cunha explicou que o autor, sempre que fala da grua na obra, como uma personagem principal, usa um adjectivo diferente, da mesma forma que quando se fala do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, são usados diferentes adjectivos em ocasião, mas de forma negativa.

“O tema do amor, paixão e mulher estão presentes na obra (…), e pelo facto de ter sido o Presidente da República, conheceu muito bem Cabo Verde e o descreve no livro de forma afectiva, trazendo escritos codificados ao longo da obra que fica estranho para quem não é de Cabo Verde”, afirmou, sublinhando que é um livro “contra a ditadura, a violência contra a Ucrânia e de qualquer forma de guerra”.

Já o autor Jorge Carlos Fonseca, em declarações à Inforpress, explicou que a ideia de escrever o livro poucas semanas depois da guerra na Ucrânia ter começado, quando estava em Santo Antão e todos mostravam-se contra a invasão, sendo que a obra é constituída por 100 textos fragmentados que podem ser lidos separadamente.

“O impulso desta escrita resultou de um evento que é a guerra na Ucrânia, escrevendo na prespectiva das ilhas (…). São textos literários, poéticos, prosa poética, crónicas e que tem o activo a guerra na Ucrânia, mas que também faz uma espécie de diálogo com as ilhas de Cabo Verde”, explicou.

A obra que tem como editora a Imprensa Nacional Casa da Moeda (INCM), que esteve representada no evento pelo seu director, Duare Azinheira, numa cerimónia que contou com a presença do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro.

O secretário Executivo da Comunidade dos Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), Zacarias da Costa, e do embaixador da Ucrânia em Portugal e Cabo Verde, com residência em Lisboa, Volodymyr Kozlov, também estiveram presentes no evento que teve a sala completamente cheia.

No final da sessão de apresentação de “Escritos ucranianos”, o autor autografou os exemplares da obra aos interessados.

O livro “Escritos ucranianos”, a sétima obra literária de Jorge Carlos Fonseca, já foi apresentado na ilha do Sal durante o Festival de Literatura – Mundo, e nos princípios de Setembro deve ser apresentado na Cidade da Praia. A Semana com Inforpress