Em declarações à Inforpress, a autora disse que essa apresentação em terras lusas é uma “grande oportunidade” de mostrar e levar a literatura para fora das ilhas, não só para a comunidade cabo-verdiana que reside fora do país, mas também para outras pessoas que falam a língua portuguesa.

“Também é uma grande oportunidade de fazer o que temos estado muito a falar, que é a internacionalização do livro ou da literatura cabo-verdiana e, para mim, é um dos maiores ganhos que um escritor cabo-verdiano pode almejar, que é levar o seu livro para além do território cabo-verdiano, porque somos um país pequeno e não podemos pensar em escrever um livro e ter o mesmo só em Cabo Verde”, afirmou.

Para ela, é preciso fazer com que o livro chegue a mais pessoas, neste caso aos falantes de língua portuguesa, considerando que muitos escritores, sobretudo os mais recentes, têm o desafio de ultrapassar a fronteira de Cabo Verde e fazer o seu livro chegar em outros mercados lusófonos, mas que têm encontrado sempre constrangimentos, enaltecendo que existem muitas pessoas que se interessam pela literatura cabo-verdiana e que querem conhecer os aspectos específicos da cabo-verdianidade.

Na sua opinião, havendo esse interesse, é preciso que mais escritores sejam promovidos, transpondo para fora de Cabo Verde, já que o mercado de Cabo Verde é reduzido e a edição é em pequena quantidade, por isso, essa internacionalização pode permitir que em termos de venda se possa conseguir um melhor resultado.

“Os lobos não podem esperar” retrata diversos temas com foco no universo feminino, nomeadamente a sua vivência, os seus relacionamentos, os dramas, os amores, desamores, perdas, vitórias, preconceitos, machismo, factores esses que acabam por exercer um peso muito maior sobre a mulher.

A obra traz ainda um conjunto de textos que aborda temas da sociedade cabo-verdiana, como a violência de género, o abuso sexual de menores, a pedofilia, a repressão social e sexual, a depressão e a solidão, insegurança/criminalidade e afectos.

Licenciada em Ciências da Comunicação e mestranda em Políticas Públicas, Natacha Magalhães estreou-se na literatura infanto-juvenil em 2009 com a coletânea “Mãe, conta-me uma história” e em 2014 publicou a obra “Sete Contos ao Luar e Outras Estórias”.

Em 2017 lançou a coletânea infanto-juvenil “A Viagem mais fantástica do mundo” e escreveu ainda dois contos, nomeadamente “O segredo partilhado”, para o ICCA e “O coração das ilhas” para o grupo CVT e participou ainda nas antologias “Ser mulher” (Portugal) e “Mulher e seus destinos (Cabo Verde).

Natacha Magalhães é também uma contadora de histórias, tendo já representado Cabo Verde no festival de contos africanos na Costa do Marfim, em 2010, e nos Açores, em 2015.

É mediadora de leitura e activista cultural, tendo fundado o projecto de promoção e incentivo à leitura “Mala de contos”, que já foi implementado em Pico Leão (Ribeira Grande de Santiago, e São Francisco (Praia).

A apresentação do livro “Os lobos não podem esperar”, de Natacha Magalhães, o primeiro para o público adulto e uma coletânea de 20 contos que aborda vários temas centrada nas mulheres, acontece no Centro Cultural Cabo Verde (CCCV), às 18:00 (16:00 em Cabo Verde), e será feita por Sara Sarowsky e Catarina Sales.

A obra já foi apresentada nas Cidade da Praia e Assomada, em Portugal está disponível na Livraria Bertrand, na Fnac e na plataforma on-line Wook.

A Semana com Inforpress