A oposição fala em "derrota dos socialistas" com "o fim da maioria absoluta" que governava os Açores desde a retirada do fundador do PSD/Açores, João Bosco Mota Amaral, que presidiu ao governo regional entre 1976 e 1996.
Entretanto, o presidente do PS/Açores, Vasco Cordeiro, definiu hoje (segunda-feira, 26) como "clara e inequívoca" a vitória, mesmo se reconhece haver um novo "quadro parlamentar desafiante" após a perda da maioria absoluta socialista.
"O PS ganhou estas eleições, ganhou com mais votos e mais mandatos, ganhou em sete das nove ilhas da nossa região. Ganhou de forma clara e de forma inequívoca estas eleições", embora, "à semelhança do que já aconteceu no passado", em 1996, sem maioria absoluta, sinalizou ainda Vasco Cordeiro, que há oito anos sucedeu ao socialista Carlos César (1996-2012).
Também António Costa, secretário-geral do PS, saudou a "sétima vitória consecutiva" alcançada no domingo pelo seu partido nas eleições regionais dos Açores e invocou a autonomia regional para remeter para os socialistas açorianos a "construção das soluções" de governo.
Todavia, apesar da vitória, o partido não cumpre o seu principal objetivo: manter a maioria absoluta. E os partidos da oposição já reagiram aos resultados.
Rio destaca resultado "francamente positivo" do PSD e desgaste do PS
O presidente do PSD, Rui Rio, destacou hoje que o PS "perdeu 7,5% dos votos e perdeu cinco deputados regionais", enquanto o "PSD subiu 3% e subiu dois deputados regionais".
Rio considerou que a perda da maioria absoluta do PS é um "resultado francamente positivo" e demonstrativo do "notório desgaste do governo regional" socialista, tal como do executivo nacional.
Coligação à direita? O presidente do PSD rejeita intrometer-se nas decisões da estrutura regional dos Açores, mas admitiu que, devido ao fracionamento da direita, "não é fácil conseguir juntar todos os partidos" numa maioria.
"O primeiro passo é do PS e não do PSD, porque foi mais votado do que o PSD", rematou.
Líder do PSD/Açores: "parlamento determina a formação do governo"
Questionado sobre uma possível coligação à direita para poder governar (que teria de incluir o Chega! — que se torna a quarta força política nos Açores, com 5% dos votos e dois mandatos — , Iniciativa Liberal e CDS-PPM), o presidente do PSD/Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou rejeitar as "atitudes extremistas".
"Devo afirmar hoje, como sempre, que atitudes extremistas e populistas não me comovem, nem creio que interessam aos açorianos, mas também acho que os açorianos já deram provas, e os seus representantes, de que não são extremistas nem populistas", afirmou.
O líder do PSD/Açores salientou que a nova composição parlamentar é "tão polivalente que pode admitir tudo" e frisou que é o "parlamento que determina a formação do governo".
"Reafirmo a minha total disponibilidade para assumir responsabilidades, mas nunca através de uma declaração unilateral, sempre com humildade, e disponível para o diálogo e para a concertação que interprete bem a vontade do povo", apontou.
Fontes: RTP-Açores/Arquivos online. Foto (Lusa): A abstenção reduziu-se nestas legislativas dos Açores, apesar da pandemia em curso, assinala a delegação açoriana da CNE.