Em quarenta e oito horas, quinze mil pessoas tinham aderido à petição pública online contra Mamadou Bá: "Serve a presente petição pública para que a Assembleia da República vote favoravelmente pela expulsão de Portugal de alguém que não se sente bem em Portugal nem com a nossa cultura e valores. Que esta expulsão sirva de exemplo", lê-se no site "peticaopublica.com", que conta com 18 mil assinaturas, pelas 16:40 horas.
Em Portugal, "qualquer petição subscrita por um mínimo de 1.000 cidadãos é, obrigatoriamente, publicada no Diário da Assembleia da República e os peticionários são ouvidos em sede de comissão parlamentar e, caso haja mais de 4.000 cidadãos subscritores, a mesma tem de ser apreciada em reunião plenária da Assembleia da República".
Os peticionários reclamam que o ex-assessor parlamentar do BE e dirigente da associação SOS-Racismo "proferiu declarações caluniosas na [rede social] Twitter contra o militar mais condecorado da História portuguesa, o tenente-coronel Marcelino da Mata, um dia depois do seu falecimento", aos 80 anos, vítima de Covid-19.
Segundo o ativista Ba, o militar natural da Guiné Portuguesa (hoje Guiné-Bissau) e fundador da tropa de elite "Comandos" (cuja boina vermelha Marcelino Mata ostenta na foto) terá declarado que nunca entregou "um turra" (calão para combatente independentista africano) à PIDE (Polícia Internacional e de Defesa do Estado do regime fascista de Salazar). Em vez disso, "cortava-lhes os tomates, enfiava-lhos na boca, e ficava ali a vê-los morrer".
Prossegue o senegalo-português de 47 anos, vinte e três dos quais a viver em Portugal: "Queixam-se do uso displicente do qualificativo ’fascista’ e refutam a filiação ideológica ao fascismo. Mas investem na homenagem a figuras sinistras como Cónego Melo, Kaúlza de Arriaga e Marcelino da Mata. Marcelino da Mata é um criminoso de guerra que não merece respeito nenhum", publicou ainda Mamadou Ba.
Fontes: DN/RTP/Lusa. Fotos (Lusa/Facebook/sites institucionais): Funeral com honras de Estado, no cemitério de Queluz. Amadou Bá, fundador de SOS-Racismo. O falecido Marcelino Mata.