O Chefe de Estado fez essa afirmação ao intervir, por videoconferência, a partir de Cabo Verde, na abertura do 1º Encontro da Plataforma da Associação Cabo Verde Diáspora (PLTCVD), que decorre durante três dias, em Lisboa, em simultâneo com a primeira Assembleia-Geral da mesma.

“Desde sempre, os filhos da diáspora têm dado um enorme contributo para a construção desta nação, mesmo antes da independência, os cabo-verdianos emigraram e através das remessas, acudiram as famílias nos momentos difíceis e também investiram em Cabo Verde”, disse.

De acordo com José Maria Neves, não foram apenas remessas financeiras, mas também “remessas espirituais”, porque muito do que Cabo Verde é hoje, deve a uma “forte contribuição” desta diáspora, estando presente em espaços socioculturais, políticos e económicos mais “dinâmicos e mais evoluídos”.

“Os cabo-verdianos na diáspora contribuíram para que as nossas reflexões, para que as nossas expectativas, para que os nossos sonhos fossem sempre elevados e contribuíram, também, através das suas exigências e das suas reivindicações, para criarmos e aperfeiçoarmos as nossas instituições”, considerou.

Para o Presidente da República, o cabo-verdiano, nas ilhas e na diáspora, “tem uma grande ‘ânsia’ de desenvolvimento, ressaltando que para haver esse desenvolvimento é preciso uma cultura voltada para tal e capaz de produzir e reproduzir dinâmicas de desenvolvimento.

“Não podemos continuar a fazer o mesmo e, com certeza, é essa diáspora que nos vai ajudar a criar novas atitudes, a ter novos comportamentos, a construir novos hábitos mentais e a ter a flexibilidade necessária para incorporar as novidades que vão surgindo no mundo para podermos acelerar o passo e sofisticar o nosso processo de desenvolvimento”, sublinhou.

Na opinião de José Maria Neves, é preciso reflectir em como “sofisticar” a participação da diáspora no processo global de desenvolvimento, sustentado que “o desenvolvimento é uma conquista”, reiterando que “nenhum país consegue desenvolver-se com base na solidariedade internacional”.

A Plataforma da Associação Cabo Verde Diáspora tem entre os seus objectivos, promover a cooperação entre Cabo Verde e a sua diáspora, promover o desenvolvimento de uma rede institucional para toda a diáspora e contribuir para a capacitação através da formação de dirigentes das organizações representantes da comunidade cabo-verdiana.

A promoção e o apoio aos estudos e trabalhos de investigação por forma a contribuir para o desenvolvimento da rede da diáspora e estabelecer protocolos de colaboração com outras associações e entidades estão entre as finalidades da organização.

Participam no evento, que termina este sábado, associações de cabo-verdianos de Portugal, Itália, Brasil, Luxemburgo, Países Baixos, Senegal, França e Reino Unidos, mas também de outros países, por videoconferência.

A sessão de abertura, presidida pelo ministro das Comunidades, Jorge Santos, contou com as presenças do embaixador de Cabo Verde em Portugal, Eurico Monteiro, representantes do Alto Comissariado para as Migrações de Portugal (ACM), da Organização Internacional para as Migrações de Portugal (OIM) e do Instituto Camões.

A Semana com Inforpress