O primeiro-ministro pronunciou-se ao princípio da noite desta terça-feira, dia em que o suspense se manteve no auge desde a entrada do ministro das Infraestruturas, para a reunião na residência oficial em São Bento.
Esperava-se que o primeiro-ministro comunicasse a demissão de João Galamba. Mas não: António Costa veio dizer que o ministro das Infraestruturas apresentara a demissão — "um gesto nobre" — mas que em consciência ele não a podia aceitar. "O ministro agiu de acordo com o seu dever"; "nada lhe pode ser imputado", acentuou.
"Em consciência não entendo que lhe é imputável", disse Costa que atribui ao "colaborador" Pinheiro o ónus de tudo o que correu mal após a sua demissão por "ter escondido informação à CPI da TAP".
O primeiro-ministro defende também o gabinete de Galamba ante as críticas, acerbas por estes dias — vindas tanto de comentadores como da opinião pública relativamente aos membros do gabinete de Galamba. Costa entende que ao chamarem os serviços SIRS, SIS, "cumpriram o seu dever" de "denunciar às autoridades o roubo de um computador com informação classificada", disse.
Tudo o que correu mal "é imputável a quem tendo sido demitido agiu violentamente contra outras pessoas", "violou o dever do governo de se apresentar responsavelmente diante dos portugueses", reafirmou Costa.
Presidente emite nota de oposição à decisão do primeiro-ministro
Depois do que disse desde sábado o presidente da República, a indicar ser a favor da 15ª saída do governo socialista, Portugal esteve em suspense enquanto aguardava o que iria fazer o primeiro-ministro.
Ao quarto dia, com Costa a anunciar que o ministro Galamba fica, o site presidencial, da presidencia.pt, colocou uma nota que começa assim: "O Ministro das Infraestruturas. apresentou hoje o seu pedido de demissão, invocando razões de peso relacionadas com a percepção dos cidadãos quanto às instituições políticas".
Prossegue: "O Primeiro-Ministro, a quem compete submeter esse pedido ao Presidente da República, entendeu não o fazer, por uma questão de consciência, apesar da situação que considerou deplorável".
Remata: "O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do Primeiro-Ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à percepção deles resultante por parte dos Portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem".
Solidão. Costa já o tinha afirmado: "Seria muito mais fácil seguir a opinião unânime dos comentadores (...) mas entre isso e a minha consciência dou prioridade à minha consciência".
Casca dura, excelência. Num jogo de palavras com o sobrenome, comente-se aqui que apesar da sua já bem conhecida "impulsividade" o ministro João Galamba, "competente", "brilhante", tem a casca dura. Tal como a amêndoa algarvia adjetivada galamba.
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Fontes: SIC/RR.pt. Foto: Agora, que Costa se distancia de Marcelo, recorda-se a "proteção" simbolizada no guarda-chuva da "bonne entente" há sete anos em Paris "que tem o melhor de Portugal" (os emigrantes) como ambos celebraram nos encontros à volta do Dia de Portugal em 2016. Há quem prognostique uma nova era na relação PR-PM, em que "ou o presidente dissolve o parlamento ou fica mais fragilizado".