Dez dias decorridos sobre o 24 de janeiro, faz manchete a petição online para desnaturalizar o apresentador Malato que, perante os 31,41% de votos que o eleitorado da sua terra natal deu ao partido extremista. expressou "Vergonha de ser alentejano" e "Agora sou lisboeta".
"Gente sem memória", continuou na sua reação, via redes sociais. Esta semana uma petição online é dirigida "aos monfortenses e aletejanos em geral" para que assinem a favor da retirada do nome do popular apresentador de programas de televisão.
"No seguimento das declarações do Exmo. Sr. José Carlos Malato, serve esta petição para pedir a alteração da Praça que contém o seu nome, em Monforte. Como alternativa, ficam aqui as ideias ’Praça dos Monfortenses’ ou voltando ao antigo ’Largo da Biblioteca’. Aceitam-se, obviamente, outras opções".
A petição online registava na quarta-feira, segundo dia da sua publicação, 183 assinaturas. Fraca adesão.
Portugal: 60,74 % de Marcelo e maior queda à esquerda — Temeu-se extrema-direita em 2ª volta
Os 60,74% do presidente reeleito representam a maior queda de candidatos da esquerda. Juntos Ana Gomes, João Ferreira e Marisa Matias obtiveram o pior resultados nos 45 anos da presidencial em democracia: 21 por cento.
A socialista Ana Gomes ficou com 12,97%, o dirigente comunista João Ferreira com 4,27% e a eurodeputada bloquista Marisa Matias com 3,95%. De 2016 para 2021, a candidata repetente do Bloco de Esquerda perdeu mais de 300 mil votos.
Na presidencial de 2016, os candidatos de esquerda totalizaram 41,19% — o seu pior resultado nas nove eleições presidenciais (desde 1976) —, com 27,12% a representar o PS: a candidatura do antigo reitor da Universidade de Lisboa Sampaio da Nóvoa, com 22,88%, e a da antiga ministra Maria de Belém que teve 4,24%.
Alentejo: comunistas derrotados pelo ’Chega’
É um caso que ilustra o ditado "os extremos tocam-se", o de Alvito, freguesia do Alentejo bastião comunista de Portugal, onde o candidato da extrema-direita foi segundo, só precedido por Marcelo.
Repetiu-se, no domingo, 24, o choque das Legislativas de há pouco mais de um ano, com a entrada do Chega" no parlamento, e que levou o Diário de Notícias a Alvito onde a extrema-direita obteve 4,76%. A reportagem escreveu que tinha "encontrado a principal razão para este ter sido um dos concelhos a dar mais percentagem de votação ao partido Chega".
A razão eram os ciganos, omnipresentes no discurso do líder da extrema-direita portuguesa. Segundo a reportagem "aqui é pasto fácil para esse discurso". Dava exemplos: o da "mulher da comunidade cigana" que "dá de mamar ao filho à sombra de uma árvore sob o olhar do marido". Outro: "uma centena de metros" depois, "vários carros de gama alta estão parados na praça principal. São o grande negócio da referida comunidade..."
Um dos raros que votaram na coligação comunista CDU, um idoso de 78 anos explicava: "A nível autárquico costumava ganhar, mas agora está a perder. O Alentejo é assim. Eu passei muita fome quando era pequeno, esta gente nova hoje nem sabe como era difícil votar e agora não vota", disse o sr. Joaquim.
A pergunta que se seguiu: "Porque é que já não votam no PCP e sim no Chega, ou outros?" A resposta de Francisco é direta: "Porque estamos descontentes com todos os partidos. Mais de metade não querem votar porque não acreditam". Joaquim acrescenta: "Vou votar para ladrões?"
"No fundo, o discurso que os partidos populistas aproveitam em toda a Europa", remata a reportagem.
"Os extremos tocam-se"? Só se surpreende em Portugal quem esteve desatento, durante mais de 40 anos, ao partido do clã Le Pen em França.
Chega 2019-2021
O Chega fez história: entrou na Assembleia da República nas eleições legislativas de outubro de 2019, que o PS venceu com 36,34% (1.908.036 votos). O Bloco de Esquerda chegou aos 9,52%, com meio milhão de votos, e a CDU 6,33% (332.473 votos).
Os dois partidos apoiantes formais da candidatura presidencial de Ana Gomes, o PAN e o Livre, tinham obtido respetivamente 3,32% (174.511 votos) e 1,09% (57.172 votos) em 2019.
Fontes: TVI/RTP/... Fotos: Vila alentejana de Monforte. Malato indignado.