Segundo a referida editora, a apresentação da obra estará a cargo de Manuel Brito-Semedo. «Crónicas Soviéticas é o título que Osvaldo Lopes da Silva atribuiu a este ensaio histórico e memorialístico que agora ficará à disposição dos leitores, focando-se sobretudo (mas não exclusivamente) na década de 1960 em diante e nos três momentos que estigmatizam as ligações do autor com a (hoje) ex-URSS, cuja identificação e arrumação periodológica é indispensável para a compreensão da conveniência e mesmo da oportunidade da vinda a público, em boa hora, das Crónicas Soviéticas», lê-se na nota remetida a este jornal.
No Prefácio, o investigador Julião Soares Sousa afirma sobre esse livro que, através da sua leitura, ter-se-á a “oportunidade de revisitar um tempo histórico sem dúvida idiossincrático e em que o autor faz desfilar vários acontecimentos e várias personalidades que foram (mal ou bem e para o mal ou para o bem, dependendo das perspetivas analíticas de cada um) verdadeiros protagonistas. Múltiplos são os méritos da vinda a público das Crónicas Soviéticas, mas o mérito maior é, incontestavelmente, o de desbravar um caminho novo».
É que, segundo acrescenta a mesma fonte, são praticamente inexistentes memórias de quadros de movimentos de libertação que, tendo feito formação na URSS ou algures se predispuseram a relatar suas vivências. «Diríamos até que esta é, indiscutivelmente, uma das grandes omissões da literatura anticolonial dos espaços de colonização portuguesa em África. Por isso, não podia deixar de enfatizar a importância deste contributo de Osvaldo Lopes da Silva para a História Contemporânea», remata Julião Soares.
Conforme Rosa de Porcelana Editora, Osvaldo Lopes da Silva nasceu na ilha de São Nicolau (Cabo Verde), em 1936. Estudou a instrução primária na cidade da Praia e os estudos secundários no Mindelo. Cursava Engenharia Civil, em Portugal, quando, em 1961, integrou o PAIGC e fugiu para aderir ao movimento anticolonial, liderado por Amílcar Cabral.
Segundo a mesma fonte, completou o curso da Economia em Moscovo, tendo depois integrado a luta armada de libertação nacional, como comandante de artilharia. Com a proclamação da Independência de Cabo Verde em 1975, assumiu as pastas ministeriais da Economia e Finanças, até 1986, e de Transportes, Comércio e Turismo, até 1990. Foi-lhe outorgado a condecoração do Primeiro Grau da Ordem Amílcar Cabral. Em 2011, publicou o livro “Nos tempos da minha Infância”.