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Praia: Lavadores de carros queixam-se de falta de equipamentos e pedem espaço próprio para o exercício das suas actividades 01 Fevereiro 2023

Um grupo de lavadores de carros na zona do Palmarejo, na Cidade da Praia, pede à autarquia que ceda um espaço na via pública para o exercício das suas atividades, e queixa-se de falta de equipamentos adequados ao trabalho.

Praia: Lavadores de carros queixam-se de falta de equipamentos e pedem espaço próprio para o exercício das suas actividades

Domingos Varela, um jovem de 20 anos, que atualmente trabalha como lavador de carros, diz estar a enfrentar inúmeras dificuldades devido à falta de equipamentos e de um espaço próprio para o exercício da sua atividade informal.

Segundo contou, não conseguiu concluir os seus estudos no ensino secundário e diz que um jovem nesta idade fica mais propício às influências do mundo, como a delinquência, e o uso do álcool e outras drogas.

Como explicou, encontrou nesta profissão, há três anos, uma forma de garantir um rendimento diário à família, mas também de seguir um caminho livre das influências das ruas.

“Precisamos de um espaço próprio, máquinas especializadas neste tipo de trabalho, o que garante melhores condições, a nós que somos lavadores de carro”, clama o jovem que pede apoio a autarquia praiense na melhoria de condições da prática da lavagem de carros na capital do país.

Cláudio Santos, um outro jovem que lava viaturas estacionadas nos arredores do edifício Praça Center, diz que a bem pouco tempo eram proibidos, pelos agentes da Polícia Nacional, de exercerem a actividade por aquela zona. Uma proibição, que afectou, por algum tempo, a família que depende do pouco que ganha como lavador de carro.

“As pessoas vêm a Praça Center para divertir com a família ou para negócios e acabam por estacionar a viatura por estas bandas, e isto constitui uma oportunidade de ganharmos o nosso ganha pão e de fidelizar novos clientes”, explicou.

Como lavador de carros, conta, começou por falta de alternativa e por ser um trabalho “prático e rápido”, o que garante na mesma hora um “dinheiro” para suprir as necessidades básicas do dia a dia, como a alimentação.

Para além do aumento constante dos preços dos produtos alimentares e não só, têm enfrentado problemas ligados ao mau tempo. Segundo relatou à Inforpress, os ventos que se fazem sentir por estas bandas, tem dificultado encontrar clientes que queiram aderir ao serviço de lavagem de carros nas ruas.

“Precisamos de apoio, principalmente com kits de equipamentos e outros materiais adaptados à nossa profissão, porque o que aqui fazemos, é garantir o sustento dos nossos familiares”, apelou este jovem.

Amilton Gomes, um veterano, começou há 15 anos a oferecer este serviço enquanto ainda estudava na Escola Básica, em Achada Santo António, e com o pouco que ganhava, comprava materiais escolares e produtos para a família.

Após um acidente de carro que lhe deixou sequelas físicas, nomeadamente no braço e nas pernas, diz-se impossibilitado de continuar na profissão sem condições e apela às autoridades que ofereçam apoios com equipamentos de trabalho.

“Não me vejo a fazer outro tipo de trabalho, apesar das sequelas, contínuo nesta caminhada, já pedi alguns apoios em associações e na Câmara Municipal da Praia, mas ainda aguardo uma resposta”, frisou, relatando que durante a pandemia a situação era ainda mais alarmante, pelo que pede doações com cestas básicas e outros para suprir as necessidades da família.

Contactado pela Inforpress, o diretor do gabinete de Empreendedorismo e Inovação, da Câmara Municipal da Praia, Carlos Barros, indicou que no quadro do fomento do empreendedorismo, o projeto Praia Empreende, recebeu, na primeira edição, projetos de "Car Wash" de lavadores de carros.

Esclareceu, que o projeto visa selecionar ideias de negócios de fomento ao empreendedorismo, para receberem apoios de entre formação e acompanhamento institucional, com o objetivo da criação do autoemprego, incentivar a criação de empresas e contribuir para o desenvolvimento socioeconómico do concelho.

“Especificamente sobre os lavadores de veículos, a câmara não tem um programa direcionado, mas podem concorrer ao edital e submeter os seus projetos”, realçou, indicando que relativamente ao espaço público “cabe ver o melhor caminho” e a “estratégia” a ser implementada face a demanda e as boas práticas e condições criadas.

Prevê-se este ano, na segunda edição do projeto, um orçamento de 15 mil contos que vai beneficiar um número maior de candidatos, finalizou o responsável.

A Semana com Inforpress

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