A Semana - Que balanço faz da sua visita a Cabo Verde?
José Augusto Cardoso - Um balanço muito positivo. As nossas deslocações têm sempre como pressuposto conhecer melhor as organizações membro da CPLP-SE, neste caso o SINDEP, e dessa forma potenciar e aprofundar as relações num quadro mais alargado de cooperação dentro da CPLP-SE.
Que impressão leva sobre os professores e Cabo Verde e a sua organização mais representativa que é o SINDEP?
Vou muito impressionado. Primeiro, pela organização da sua estrutura de funcionamento e da interligação existente entre as diferentes ilhas de Cabo Verde. Segundo, pela juventude e empenhamento dos seus quadros sindicais. Terceiro, pela sua capacidade de mobilização, como assisti no jantar comemorativo do Dia do Professor. Por ultimo, mas não em último, um aspeto estruturante e muito significativo: a inclusão e empoderamento das mulheres professoras nas estruturas do SINDEP.
Como é que a CPLP-SE perspetiva a cooperação com o SINDEP?
Qual quer que seja a cooperação perspetivada ela será sempre precedida de reuniões bilaterais e de reflexão conjunta. No entanto, posso adiantar que já nos encontramos a trabalhar na área da formação sindical e na área da comunicação, informação e imagem.
Constrimentos e relançamento da cooperação na CPLP
Como avalia a situação sócio-laboral dos docentes da área de ensino a nível da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa?
A situação sócio laboral dos professores e professoras no espaço da lusofonia é diversa. Isto prende-se com os patamares de desenvolvimento de cada país e da importância que é dada à escola enquanto instituição de educação e formação em cada um deles. Relembro que a CPLP-SE tem 15 organizações membro, de 8 países, em 4 continentes.
Que constrangimentos precisam ser ultrapassados no seio da classe docente ao nível da lusofonia?
Atualmente, o que podemos chamar de constrangimentos, não são relevantes, visto estarmos ainda num processo de cartografar os diversos sistemas educativos e a procurar conhecer, todos nós, de que forma se está a construir a profissão e a profissionalidade no espaço da lusofonia. Neste aspeto, realçamos que faz parte dos nossos objetivos procurar construir projetos de cooperação em diferentes domínios: social, económico, cultural, jurídico e pedagógico, particularmente no que respeita à formação sindical e científica de professores e professoras através da língua portuguesa, património comum dos nossos povos.
Defesa da escola laica e interlocultor central perante poderes públicos
Quais são os principais pontos da agenda internacional da CPLP-SE proximamente?
Para nós a questão central e sempre atual é procurarmos dinamizar aspetos como a defesa e promoção de uma escola pública, laica, gratuita, democrática e de qualidade, fator essencial para que todos tenham acesso à educação independentemente das condições sociais, credos religiosos ou filosóficos, raça ou convicções ideológicas. Uma outra tarefa que entendemos também como prioritária, e que se encontra na nossa agenda, é o de reforçar a cooperação com o movimento sindical internacional, em particular no seio da Internacional de Educação (IE).
Mas que outras preocupações a CPLP-SE tem em termos do futuro junto do poderes públicos a nível da lusofonia?
Um dos aspetos que procuraremos assumir para o futuro é o de sermos interlocutores privilegiados perante os poderes constituídos, em especial a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), reivindicando o direito de informação e consulta sobre todos os assuntos que respeitem à educação e aos professores, educadores e demais trabalhadores em educação, no espaço da lusofonia.