O autarca fez estas declarações à imprensa, justificando que a Brava é a mais prejudicada ao longo da sua existência, sendo “necessário”, num determinado período de tempo receber um pouco mais do que as outras ilhas.
“A Brava é uma ilha que ao longo dos anos, talvez da época colonial a esta parte, as coisas acontecem sempre depois, em último lugar e não tem havido uma discriminação positiva para com a ilha, para que a ilha possa acelerar o passo de desenvolvimento e atingir o patamar médio de desenvolvimento das ilhas por uma questão de justiça”, indicou o edil.
Segundo a mesma fonte, é a única ilha com dificuldades de ligações ao longo de toda a sua história, há sempre o sobressalto da confiança nas ligações marítimas, embora tenha havido ganhos, mas que depois surgem retrocessos nesse sentido.
E, sendo neste momento a ilha em que todos que a quiserem visitar pensem duas ou três vezes antes de a fazer, sustentou que isso “aniquila” qualquer possibilidade de investimentos maiores, de desenvolvimento, embora realçou que se deve reconhecer que o Governo tem investido em infra-estruturas, e apoiado a câmara municipal com mais recursos para investimentos.
Entretanto, enfatizou que “já se ultrapassou o momento de realmente atacar os problemas estruturais”, indicando o problema dos transportes, água e saúde.
Quanto à água, frisou que, neste momento, graças à intervenção do Governo de Cabo Verde e da cooperação luxemburguesa, a solução já existe, está na sua fase de implementação e em 2024 será resolvido o problema da qualidade e de quantidade de água para abastecer a população, resolvendo assim um dos problemas estruturais da ilha.
O segundo problema que já possui alguma luz verde para a sua resolução é o sector da saúde, com o anúncio e a apresentação de um novo centro de saúde com valências hospitalares por ser uma ilha e com dificuldades de ligações, feita pelo primeiro-ministro, acreditando que a primeira-pedra será lançada ainda em 2023, acreditando que em 2024, a Brava vai ter mais este problema estrutural resolvido.
Entretanto, realçou que “tudo isso fica totalmente comprometido, caso a ilha continue sem uma solução definitiva, consistente em relação à ligação da Brava com a ilha do Fogo e a Cidade da Praia”.
E, a seu ver, a “solução mais viável” seria uma embarcação “única e exclusivamente” destinada a ligação Brava – Fogo – Brava, capaz de adequar o seu horário a chegada e a partida dos voos a partir do Fogo e até a chegada de outros navios de passageiros da Praia até ao Fogo.
“Pode ser uma embarcação de menor dimensão, para ser também sustentável e depois os barcos maiores para abastecer o comércio duas vezes por semana, o que seria a solução ideal para a Brava visto que, a opção de ligações aéreas pelos estudos preliminares, a Brava só terá quando houver a possibilidade de Cabo Verde ter helicópteros para fazer essas ligações”, indicou.
Francisco Tavares realçou que a Brava está tão perto da ilha do Fogo, cerca de 30 a 45 minutos de barco, o que seria necessário ter uma solução igual ao que existe entre São Vicente e Santo Antão, mas na dimensão das populações que existem entre essas duas ilhas.
“Não precisa ter um ou dois barcos com capacidade para mais de 200 passageiros, mas um barco com a capacidade de 50 até 100 passageiros, que possa fazer a viagem à ilha do Fogo diariamente, criando confiança às pessoas”, segurou.
Com esta solução, o edil diz não duvidar de que a Brava terá muitas visitas, mais investimentos, mais criação de empregos o que transmite mais confiança principalmente a quem visita a Brava e a grande diáspora que tem muitos bravenses em idade de reforma ou pré-reforma, que podem e desejam permanecer na Brava por mais de seis meses e a outra parte do ano nos Estados Unidos da América.
“Esse nicho de «turistas bravenses» que estão na diáspora, regressando, não há dúvidas que haverá muitos investimentos, nomeadamente na reabilitação das habitações e outros investimentos da parte desses e que injectariam muito dinheiro na economia local e as consequências seriam apenas coisas boas”, enfatizou o autarca.
E, defende que na lógica de fazer a ilha acelerar, criar as condições básicas e acelerar o passo para o seu desenvolvimento, não é um investimento que considera fora das possibilidades de Cabo Verde e nem haveria essa necessidade dessa discriminação ser por um período muito longo.
Para Francisco Tavares, somente seriam necessários dois a três anos desta “discriminação muito positiva”, com muito mais investimentos via transferência para a câmara municipal e de investimentos diretos de certos ministérios, e tudo estaria resolvido.
“Sem dúvidas de que depois a Brava ganhará a sua dinâmica ao ponto de não ser mais necessário essa discriminação positiva e também estará mais desenvolvida com menos problemas”, finalizou o autarca, reforçando que neste momento a questão da ligação tem e deve estar na prioridade das prioridades para que a Brava possa sonhar com um desenvolvimento igualitário ao que já existe em outras ilhas e municípios do país.
A Semana com Inforpress