Em declarações à Inforpress, Abrão Borges, que lidera um dos sindicatos que apoiou a manifestação dos professores realizada quarta-feira, 18, a nível nacional, lembrou que desde o mês de Fevereiro o Siprofis tem estado a convidar os outros sindicatos de professores a se unirem para que possam ter a mesma voz nas reivindicações.

“O objectivo aqui não é ter protagonismo. O objectivo é lutar pelos direitos dos professores porque os sindicatos só existem porque existem os professores, portanto o apelo é para que a união seja de facto uma “união séria, que apoie os professores”.

Em relação à manifestação dos professores, que não contou com apoio de um dos três sindicatos representativos da classe em Cabo Verde, Abrão Borges sublinhou que foi uma luta desencadeada por um grupo de professores, mas uma “luta séria” que teve “êxito e impacto” a nível nacional e internacional e mostrou que, de facto, os professores cabo-verdianos “estão descontentes e têm razão para tal”.

“A manifestação de ontem ultrapassou toda a dimensão das manifestações jamais realizadas em Cabo Verde, portanto, ultrapassou as nossas expectativas porque acreditamos e pegamos com força”, reforçou a mesma fonte.

Abraão Borges indicou que os dois sindicatos se envolveram na expectativa que a mesma iria ter êxito e teve êxito, adiantando que o grupo de professores que de antemão se dirigiram directamente aos sindicatos fizeram a reunião com todos os sindicatos.

“O Siprofis abraçou essa luta sem titubear, porque a luta dos professores, seja como for realizada, é uma luta dos sindicatos, que só existem por causa dos professores”, reforçou Borges.

Para além do Siprofis, a manifestação dos professores para reivindicar o aumento salarial no quadro do orçamento de 2024 e a resolução de todas pendências, e que levou para as ruas centenas de professores em todas as ilhas do país, contou com o apoio do Sindicatos Democráticos dos Professores (Sindprof).

O Sindicato Nacional dos Professores (Sindep), por seu lado, que se diz a mais representativa da classe docente, escusou-se a apoiar os professores nessa luta, alegando que não houve concertação prévia, tendo o seu presidente Jorge Cardoso questionado mesmo a legitimidade do grupo para convocar uma manifestação.

Numa declaração à RCV, antes da manifestação de quarta-feira, 18, Jorge Cardoso adiantou que o Sindep já tem uma manifestação agendada para o dia 04 de Novembro, seguida de uma greve no dia 23 de Novembro, caso o Governo não responder positivamente às reivindicações dos professores.

Instado se o Siprofis vai participar na manifestação de 04 de Novembro, Abraão Borges, que neste momento se encontra Lisboa, a participar juntamente com Jorge Cardoso num fórum da Lusofonia, disse que onde estiver a luta dos professores ele e a sua equipa estarão presentes para apoiar.

De entre as reivindicações dos professores estão o pagamento do subsídio pela não redução de carga horária, transição na carreira, melhoria na carreira dos professores mestres e doutores, reclassificação, assim como uma nova grelha salarial para professores e promoção automática a todos os professores antes de se aposentarem.

Após a manifestação os professores prometem encher o parlamento no dia da discussão do Orçamento do Estado para 2024 e avançar com a greve geral, caso o orçamento aprovado não inclua respostas às reivindicações.

A Inforpress contactou Sindprof e Sindep, mas não foi possível chegar à fala com os responsáveis dos dois sindicatos dos professores.

A Semana com Inforpress